A manifestação "Contra a Islamização da Europa" já teve recuos, avanços e estagnações. O agendamento do evento causou, de imediato, críticas na esfera pública que chegaram até ao Governo e autarquias. Após um parecer das forças de segurança, a alertar para o elevado risco da marcha, a Câmara de Lisboa decidiu não autorizar a realização do protesto. De seguida, foi o Tribunal. No entanto, a marcha parece que vai decorrer, na mesma.
A manifestação de extrema-direita no Martim Moniz, agendada para dia 3 de fevereiro, já foi proibida pela Câmara de Lisboa e, agora, pelo Tribunal Administrativo de Lisboa, que apresenta como justificação o parecer da PSP.
"No caso dos autos, refere o Município de Lisboa que existem razões que obstem à realização da manifestação em causa, desde logo, porque existe um parecer do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, referindo que a “a realização da manifestação no espaço comunicado acarretará elevados e efetivos riscos para a segurança, a ordem e tranquilidade públicas, com elevada probabilidade de alteração da ordem pública, donde, atenta a sua criticidade, não haverá condições para assegurar a realização do desfile nos moldes comunicados", lê-se na sentença.
Da mesma forma, o comunicado do Tribunal relembra que o Martim Moniz, onde estava prevista a marcha anti-islão, é uma aérea com “uma elevada comunidade estrangeira, especialmente oriunda do Bangladesh, sendo que é público que a população do Bangladesh professa, maioritariamente, a religião islâmica e esta manifestação é, precisamente, contra “a islamização da Europa”.
Tendo isto em conta, a PSP está a preparar uma operação policial para este sábado que prevê todos os cenários caso decorra a manifestação contra a islamização da Europa, promovida pela extrema-direita, no Martim Moniz, em Lisboa.
O Expresso avança que a PSP se prepara para não permitir a entrada nas ruas do Martim Moniz e da Mouraria, zonas onde vivem mais imigrantes.
Posição de Moedas
No final de janeiro, a Câmara de Lisboa aprovou por unanimidade um voto de repúdio sobre a ação de rua convocada por um grupo neonazi junto ao Martim Moniz.
O Executivo liderado pelo social-democrata Carlos Moedas condenou "toda e qualquer manifestação de caráter violento, racista ou xenófobo na cidade" e afirmou que a marcha se enquadra no crime de ódio previsto no Código Penal.
A contra-manifestação
A organização da manifestação "Contra a Islamização da Europa", agendada para 3 de fevereiro, é constituída pelo 'Grupo 1143', um movimento de extrema-direita que tem como porta-voz o militante neonazi Mário Machado.
Este evento tem gerado preocupação entre a comunidade imigrante.
Coletivos antirracistas decidiram preparar uma manifestação de "pessoas de todas as cores", para o mesmo dia, também na zona do Martim Moniz..
Em paralelo, organizações antirracismo estão a promover uma carta aberta, denominada "Contra o racismo e a xenofobia, recusamos o silêncio", onde pedem ao Presidente da República, ao Ministério Público e às autoridades policiais para "travar a saída desta manifestação", por violar a lei.
Apesar de não autorizada pela Câmara Municipal de Lisboa, e proibida pelo Tribunal, o grupo garante que o protesto vai mesmo acontecer, seja ou não autorizado. O promotor da concentração interpôs uma providência cautelar.
Assim, a extrema-direita irá para a frente com esta concentração que irá acontecer no Largo de Camões, e não no Martim Moniz.