O Conselho Regional do PSD/Madeira deverá aprovar esta quinta-feira o nome do sucessor de Miguel Albuquerque à frente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), após a sua renúncia na sequência do processo que investiga suspeitas de corrupção. A editora de Política da SIC, Cristina Figueiredo, explica os sucessivos acontecimentos desde o início da investigação criminal, até ao ponto de situação atual.
“Estamos todos expectantes depois destes dias intensos. […] Hoje, se tudo decorrer como previsto, vai decidir quem é o nome que substituirá Miguel Albuquerque à frente do Governo regional, permitindo, portanto, que um novo executivo se mantenha em funções ou assegura o governo da região até, pelo menos, 25 de março”, diz Cristina Figueiredo.
Na segunda-feira, Miguel Albuquerque oficializou a renúncia ao cargo junto do representante da República, mas Ireneu Barreto indicou que a demissão não teria efeitos imediatos, apesar de a ter aceitado, dando a entender que preferiria que ocorresse após a discussão do Orçamento Regional para 2024, que deverá ocorrer entre 6 e 9 de fevereiro.
“25 de março é o dia, a partir do qual poderá haver ou não uma dissolução da Assembleia Regional e, com isso, a convocação de novas eleições na Madeira”, acrescenta.
Cristina Figueiredo relembra ainda que as última eleições aconteceram há menos de seis meses, “então estamos ainda dentro do período que a Constituição veta, não deixando acontecer novas novas eleições”.
Nas eleições regionais de 24 de setembro de 2023, a coligação PSD/CDS-PP elegeu 23 deputados, num total de 47 que compõem o parlamento madeirense, e estabeleceu um acordo com a deputada única do PAN, Mónica Freitas, viabilizando assim o terceiro executivo liderado por Miguel Albuquerque.
Reunião adiada
A editora da SIC recupera que esta reunião já esteve agendada para segunda-feira, tendo acabado por ser adiada “uma vez que Miguel Albuquerque foi apresentar a sua demissão ao Ministro da República e o Ministro da República, aceitando a demissão, não a formalizou, remetendo para momento ulterior a decisão de de efetivar a admissão”.
“Querendo também com isso dizer que, de alguma forma, entendia que a bem da da estabilidade na região e uma vez que já estava agendada a discussão do Orçamento Regional para a próxima semana, que Miguel Albuquerque e este Governo ainda se deveria manter em funções até à aprovação do Orçamento Regional - estabelecendo-se aí um paralelismo com o que aconteceu aqui no continente, quando a demissão de António Costa também só se concretizou após a discussão do Orçamento de Estado”.
Tendo em conta os sucessivos acontecimentos, Cristina Figueiredo compara esta situação política a uma “novela” para a qual é preciso “um bloco de notas para irmos tomando nota” dos vários acontecimentos.
“O CDS veio exigir a demissão imediata de Miguel Albuquerque. O PAN, por sua vez, que tinha exigido a demissão imediata de Miguel Albuquerque e, com isso provocou a admissão do do Presidente do Governo Regional, já vem dizer que afinal se calhar é melhor preservar a estabilidade e aprovar o Orçamento Regional”, acrescenta.
Marcelo em silêncio?
Para Cristina Figueiredo, a abstenção do Presidente da República, em não comentar a atual situação política do arquipélago, foi a escolha acertada.
“Terá feito a reflexão, a meu ver, bem, de que se calhar neste momento vir falar era estar a introduzir mais ruído. […] Ao longo deste já muitos anos de mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, habituamo-nos a ler aquilo que Marcelo diz, o que está por trás e o que está nas entrelinhas", esclarece sobre o significado desta ausência mediática.