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Cinco unidades de saúde terão equipas dedicadas às urgências a partir de fevereiro

Os projetos também devem valorizar o trabalho destas equipas e fortalecer a relação de parceria com os cuidados de saúde primários, no âmbito das Unidades Locais de Saúde.

Lusa

Fernanda de Oliveira Ribeiro

As Unidades Locais de Saúde de Santa Maria, São José, Coimbra, São João e Santo António arrancam, a partir de fevereiro, com projetos-pilotos de equipas dedicadas ao serviço de urgência, anunciou à Lusa o secretário de Estado da Saúde.

O Governo publicou, esta terça-feira, em Diário da República, a portaria que estabelece as novas regras e incentivos que serão atribuídos aos centros de responsabilidade integrados com equipas dedicadas ao serviço de urgência (CRI-SU).

Numa primeira fase vão avançar cinco projetos-piloto nas Unidades Locais de Saúde (ULS) de Santa Maria, São José, em Lisboa, de Coimbra, e São João e Santo António, no Porto, que são "cinco das urgências mais diferenciadas" no Serviço Nacional de Saúde (SNS), adiantou o secretário de Estado da Saúde.

"Nós temos estado a trabalhar com estas equipas para que elas se organizem em centros de responsabilidade integrados", disse Ricardo Mestre, adiantando que a portaria, que entra em vigor na quarta-feira, permite regulamentar a forma como se remunera o desempenho e como se atribuem os incentivos às equipas.

"Uma inovação organizacional muito importante

O que se pretende, segundo o governante, é que sejam projetos com uma grande flexibilidade local:

"Queremos que estas cinco unidades locais de saúde possam (...) adaptar-se à sua realidade concreta e, a partir de fevereiro, terão ocasião de o fazer, até ao final do ano (quando termina o projeto-piloto)".

Para o governante, trata-se de "uma inovação organizacional muito importante para os serviços de urgência do SNS". "Queremos que esses projetos permitam trazer estabilidade ao funcionamento dos serviços de urgência e permitam também melhorar as condições de resposta destes serviços de urgência", defendeu.

Para isso, é criada uma comissão para avaliar em permanência estes projetos-piloto, que introduza os ajustamentos técnicos normativos que sejam necessários, para que no final deste processo haja "modelos de centro de responsabilidade integrados que sejam robustos, que tenham a maior estabilidade para as equipas, que promovam o trabalho em equipa, que valorizem a definição dos objetivos, tendo em conta a realidade local e as condições de prestação de cada local", vincou.

Os projetos também devem valorizar o trabalho destas equipas e fortalecer a relação de parceria com os cuidados de saúde primários, no âmbito das unidades locais de saúde, para permitir, "de forma sistémica e estrutural, garantir uma resposta de elevado desempenho dos serviços de urgência do SNS".

"Esta Comissão tem esta missão técnica e permitir-nos-á no final do projeto-piloto ter um modelo que depois possa ser alargado a outros a hospitais do SNS, porque esta é a resposta que consideramos estrutural para os serviços de urgência e para a organização interna dos nossos hospitais do SNS para resposta à urgência", defendeu.

Segundo a portaria, esta nova geração de centros de responsabilidade integrados aproveita a experiência adquirida com os mais de 40 CRI que já existiam e renova o modelo, o que permitirá potenciar os ganhos em saúde e a fixação de profissionais no serviço público de saúde.

Profissionais podem duplicar o seu vencimento

Os CRI-SU contarão com médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e técnicos auxiliares de saúde que trabalhem em exclusivo no serviço de urgência, mas cada instituição poderá decidir incluir outras profissões, segundo as necessidades identificadas a nível local.

A matriz de indicadores prevista para os novos CRI-SU engloba dimensões de acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados, como a percentagem de doentes atendidos dentro do tempo previsto na triagem até à primeira observação pelo médico, a taxa de readmissões, a resolutividade da equipa, a capacidade de orientar os doentes para cuidados em ambulatório, os utilizadores frequentes ou os internamentos evitáveis.

Os profissionais podem duplicar o seu vencimento, se cumprirem os objetivos que permitam receber os respetivos suplementos e incentivos ao desempenho.

"Neste arranque dos projetos, por não haver ainda um histórico de registo e avaliação dos indicadores, os profissionais vão receber 75% do valor máximo previsto", mas caso a avaliação venha a revelar-se superior, será feito um pagamento com valor retroativo à data de início de funcionamento do CRI.

O programa de acompanhamento é assegurado em conjunto por cada ULS e pela Direção Executiva do SNS, pela Administração Central do Sistema de Saúde e pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

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