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Jornalismo? Sempre e com jornalistas

A opinião de Conceição Lino. Durante vários dias, os jornalistas foram notícia. Porque há sinais preocupantes de tentativas de desvalorizar a importância do jornalismo e de quem o faz, estiveram reunidos em congresso.

Conceição Lino

As situações precárias, a falta de condições e os salários baixos a que dão voz e visibilidade em relação a outros também os atinge e é preciso que isso também seja um tema.

Tal como ter em conta que as cada vez maiores exigências afetam a saúde mental de muitos.

Esta reunião de jornalistas coincidiu com a situação atual de centenas que não sabem o que vai acontecer ao seu posto de trabalho porque há órgãos de comunicação social nas mãos de quem não devia sequer aproximar-se. Quem quer saber?

Imprensa e rádios regionais estão cada vez mais concentrados nas autarquias, que os tornam meios de propaganda dos seus (tantas vezes poucos) feitos. E assim ficamos sem saber muito do que acontece por lá.

Nestes dias, falou-se de como é essencial o financiamento de um trabalho que é um garante da democracia. O Estado pode ter um papel, sabendo-se que noutros países europeus há apoios públicos ou diversos modelos que podem ser adotados ou adaptados em Portugal?

A certeza é que as grandes empresas tecnológicas usam conteúdos feitos por jornalistas sem pagarem por eles. A inteligência artificial é desenvolvida a partir de trabalhos de jornalistas que não são pagos por isso. A mesma inteligência artificial que traz ameaças ao jornalismo. E não só.

Estes foram dias para falar também da diferença entre o trabalho dos jornalistas - que tem regras e obriga a ouvir as partes - e as "verdades alternativas" ou "fake news" plantadas à medida de interesses que preferem a ausência de conhecimento. No dia em que o jornalismo nasceu, nasceu também a vontade de o controlar mas nunca como agora houve tanta especialização em desinformar.

Faz 50 anos, chegou a liberdade e é preciso não deixar cair a memória. A cada momento, os jornalistas devem refletir sobre a importância e a responsabilidade daquilo que fazem. Com ética, liberdade e sentido crítico. Condições para o jornalismo sobreviver e ser relevante.

Se assim não for, perdemos todos. Que ninguém tenha dúvidas sobre isso. E que os jornalistas sejam capazes de duvidar e questionar. Sempre.

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