Rui Cristina, atual deputado social-democrata e que aparece como candidato a deputado pela Aliança Democrática (AD), sai do PSD e está prestes ser anunciado como cabeça de lista do Chega pelo distrito de Évora, revelou fonte do partido à SIC. O anúncio está previsto para os próximos dias.
A aproximação ao partido liderado por André Ventura começou há alguns meses e fonte do Chega adianta à SIC que a decisão ficou fechada nos últimos dias.
Uma das últimas etapas a cumprir aconteceu este domingo, quando o nome de Rui Cristina foi aprovado pela distrital de Évora do Chega. A etapa final ficou guardada para esta segunda feira, quando Rui Cristina enviou uma carta ao secretário-geral do PSD, Hugo Soares, a formalizar a desfiliação do PSD “com efeitos imediatos”.
No documento, a que a SIC teve acesso, Rui Cristina justifica a saída do PSD com “diferenças inconciliáveis devido a uma banalizada instrumentalização do partido em benefício de interesses de pequenos grupos” e dá como exemplo a “imposição” de “escolhas incompreensíveis” nas listas de candidatos da AD pelo circulo eleitoral de Faro, encabeçadas por Miguel Pinto Luz.
Na carta, de pouco mais de uma página, Rui Cristina atira diretamente a Luís Montenegro. “Fica patente existir na atual liderança do PSD uma maior preocupação com ajustes de contas internos, imposição de egos que na essência não assumem compromissos sérios com o partido, interessados unicamente numa permanente querela pelo poder”, prossegue Rui Cristina, para logo depois concluir que “as propostas de solução governamental, são constantemente indexadas à querela interna, sem substância percetível seja para militantes ou, ainda mais grave, para os Portugueses”
Questionado pela SIC sobre a entrada nas listas do Chega, já depois de enviar a carta de desfiliação, Rui Cristina não confirma nem desmente. “O futuro exige ponderação e reflexão”, diz. No Chega, a decisão é dada como 100% fechada.
Ventura não confirma, mas fala numa “enorme mais valia”
Questionado pela SIC esta segunda-feira, André Ventura não confirmou nem desmentiu a notícia, mas aproveitou para elogiar o deputado, classificando-o como “um dos melhores do PSD na última legislatura”.
“Rui Cristina (…) seria uma enorme mais valia para o Chega. É um jovem com enorme potencial. Não quero confirmar por respeito pelas pessoas e pelos partidos”, acrescentou André Ventura.
Ao mesmo tempo que alimentava aproximações ao Chega, Rui Cristina viu o Conselho Nacional do PSD aprovar o seu nome como candidato a deputado pela Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), na passada segunda-feira. Mas afinal tudo não passou de um erro. O nome do deputado aparecia em quinto lugar das listas pelo circulo eleitoral de Faro, posição que o PSD só conseguiu eleger nas duas maiorias absolutas de Aníbal Cavaco Silva (1987 e 1991), e que poderia ser considerada uma uma despromoção no percurso político de Rui Cristina, uma vez que tinha sido número dois por Faro, nas legislativas de 2019 e 2022, com Rui Rio na liderança do PSD. Na noite em que foram conhecidas as listas de candidatos às legislativas de março, Rui Cristina conversou pessoalmente com Miguel Pinto Luz para lhe pedir que o seu nome fosse retirado, uma vez que estava lá por erro. “O PDF estava feito e não houve tempo de retirar o nome”, antes da apresentação explica fonte social democrata à SIC.
Rui Cristina, que até agora também era vice-presidente do PSD/Algarve, esteve publicamente ao lado de Luís Montenegro em novembro do ano passado, quando o presidente dos sociais-democratas foi àquela região do país, numa das iniciativas intituladas “Sentir Portugal”, mas a ligação nasceu frágil. Nas disputadas eleições diretas de 2020, o agora ex-militante do PSD foi apoiante de Rui Rio contra os na altura derrotados Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, vice presidente do PSD e curiosamente cabeça de lista do AD por Faro
A ligação quebrou de vez, com o líder e com o partido. Depois de Henrique Freitas e António Maló de Abreu, o Chega dá como certo e seguro que Rui Cristina será o mais recente ex-militantes do PSD a integrar a lista de candidatos do partido como cabeça de lista.