O processo de recuperação das ruínas do Castelo de Paderne, no Algarve, obrigou à utilização de técnicas já perdidas no tempo. A obra terminou no último mês, preservando as muralhas em taipa militar, tal e qual os mouros as deixaram.
O que outrora fora um bastião de defesa do Algarve islâmico parece atualmente perdido no monte, abandonado pelos homens e pelo tempo, com as marcas que essas duas condições deixaram. Pode parecer apenas uma ruína do já foi, mas continua a ser um dos melhores exemplares da arquitetura militar islâmica na Península Ibérica.
Restaurá-lo obrigou a recuar oito séculos até a uma tecnologia de construção também ela perdida no tempo. Em vez de pedra, as muralhas erguem-se em taipa militar.
A obra terminou nos últimos dias do último ano. Primeiro reforçou-se a Torre Albarrã, depois o plano de muralha, tal e qual fossem construtores almóadas a fazê-lo nos séculos XII ou XIII.
A matéria-prima ainda está por ali: terra argilosa, areia, brita e a cal, para lhe dar consistência. Um processo mais rápido do que a pedra, mas, sabe-se agora, eficaz, graças a um truque de ilusão.
A ideia foi congelar o que resta do castelo no tempo por mais alguns anos. Tal como está, abre ao público apenas à quarta-feira, mas ainda assim é visitado todos os dias por turistas mais ousados.
O município, que tem a gestão do monumento, prepara o passo seguinte: erguer um centro interpretativo para aprofundar os trabalhos arqueológicos e de restauro e para mostrar o que aqui já se descobriu. Será trabalho para os próximos anos, tentando devolver a vida a um castelo que a perdeu há vários séculos.