País

SNS: 200 Unidades de Saúde Familiar mudam modelo de funcionamento em janeiro

Em Portugal, existem 348 unidades tipo B. No início do próximo ano, mais 222 centros de saúde vão passar a funcionar desta forma. Governo garante que sistema vai atribuir médico de família a mais 300 mil portugueses.

Sofia Cordeiro Coelho

Marta Sobral

Rui do Ó

200 Unidade de Saúde Familiar vão mudar o modelo de funcionamento em janeiro. Vão envolver mais profissionais e, segundo o Governo, atribuir médico de família a 300 mil portugueses. Mas há mais de um milhão e meio de utentes que vão continuar à espera.

As Unidades de Saúde Familiar tipo B têm um modelo de pagamento por desempenho com incentivos para os profissionais de saúde mediante a produtividade. São por isso mais atrativos para os médicos.

Em Portugal, existem 348 unidades tipo B. No início do próximo ano, mais 222 centros de saúde vão passar a funcionar desta forma.

O Ministério da Saúde diz que a medida vai atrair mais profissionais de saúde e dar médico de família a mais 300 mil pessoas. Mas a Associação de Medicina Geral e Familiar avisa que esse número dificilmente será atingido.

"Isso implicaria que todos os profissionais aumentassem as suas listas para o máximo e não é líquido que assim seja. Ou seja, esse alargamento é voluntário, quanto mais utentes até a um determinado teto estas listas tiverem, mais os profissionais mais os profissionais recebem, mas isso também aumenta a carga de trabalho e dificulta o atingimento de outros objetivos, dos outros indicadores, que também estão relacionados com a remuneração. O que significa que não é obrigatório, não acontecerá certamente, que em todos estes casos as listas de utentes sejam alargadas para o máximo", responde Nuno Jacinto, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.

Mesmo que sejam os 300 mil, como diz o Governo, ficaria ainda um milhão e meio de portugueses sem médico de família.

"Nós neste momento temos um número muito elevado de utentes com médico de família, os tais 1 milhão e 700 mil. Isso acontece porque ao longo dos últimos anos, das últimas décadas. Nós não temos sido capazes de reter e fixar os médicos do família no SNS. Nós até os formamos, cerca de 500 por ano, mas entre aquilo que são as reformas, e estamos a viver um pico de reformas, e as saídas, sobretudo dos mais jovens, o balanço tem sido negativo", diz Nuno Jacinto.

A procura pelos cuidados de saúde primários tem sido maior, agora que os hospitais, além de estarem com limitações, têm as urgências cheias.

Maria da Graça veio ainda de madrugada para a fila do centro de saúde de Algueirão-Mem Martins. Precisa de consulta para ela, para a filha e para a neta.

“Ainda ontem a minha filha esteve nas urgências, tinha 50 pessoas à frente, ela teve de se ir embora que não aguentava, ela não se aguenta de pé”, diz a utente.

Mas as senhas são limitadas e quem não consegue consulta no centro de saúde, acaba por recorrer às urgências dos hospitais.

Últimas