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"Pedi de forma indireta": mãe das gémeas luso-brasileiras quebra silêncio

O Presidente da República assegura que o processo das gémeas luso-brasileiras cumpriu a lei e garante que o pedido do filho foi encaminhado para o Governo como o de qualquer outro cidadão. No entanto, a mãe das crianças admite que no Hospital de Santa Maria havia referências à interferência do chefe de Estado.

Elsa Gonçalves

Andres Gutierrez

A mãe das gémeas luso brasileiras quebrou o silêncio e, em entrevista à RTP, e admite que no Hospital de Santa Maria se falava na influência do Presidente Marcelo. O chefe de Estado insiste, porém, que este caso não teve, da parte da Presidência da República, qualquer tratamento diferenciado.

“Tive a impressão como era falado nos corredores do [Hospital de] Santa Maria que tive alguma ajuda, tinha a impressão que eles [a Presidência da República] pudessem ter feito alguma requisição”, afirma Daniela Martins à RTP, confirmando que pediu “de maneira indireta, pedi a todas as pessoas, fiz um grito de socorro, tenho até emails que nem foram enviados por mim, mas por pessoas, como a minha prima, que viviam em Portugal, e que tentaram descobrir o caminho que tinha de ser seguido”.

Mas, a versão do Presidente Marcelo é a de que o caso cumpriu os tramites legais e que seguiu para São Bento sem o apelido Rebelo de Sousa.

“Isto aplica-se a todos os cidadãos”, declarou o chefe de Estado. Questionado pelos jornalistas sobre a intervenção do filho, Marcelo recusou comentar: “Pergunte ao doutor Nuno Rebelo de Sousa, eu não sou o doutor Nuno Rebelo de Sousa, ele tem 50 anos vive há dez no Brasil. É uma pessoa que não é Presidente da República, não foi eleito”.

Mais, acrescentou: “Filho de Presidente não é Presidente, irmão de Presidente não é Presidente. Só há uma pessoa eleita em Portugal para ser Presidente: sou eu”.

Marcelo reitera que “não houve nada que não fosse o respeito da lei”, que o caso das gémeas teve “o tratamento igual aquele que foi seguido relativamente a qualquer cidadão, não houve nada que não fosse um procedimento transparente em termos administrativos”. Agora, diz, "a partir do momento em que houve a comunicação ao Governo, aí começa um processo no qual a Presidência da República não teve qualquer intervenção"

Como já tinha feito na comunicação ao país, Marcelo atira responsabilidades para o Governo e, por isso, vai esperar pelas conclusões da Justiça.

"Se a realidade apurar que houve em alguma fase alguma coisa que foi ilegal, seja da parte de quem exercer de quem exerce funções públicas, seja de quem é um mero privado, aí funciona a Justiça", conclui o Presidente.

O Ministério Público e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) estão ainda a investigar o caso, mas o inquérito da Ordem do Médicos ao envolvimento do antigo secretário de Estado Lacerda Sales, de acordo com o bastonário, nunca existiu.

"Foi lançado esse boato que está a ser explorado, do meu ponto de vista, para desviar as atenções daquilo que é essencial", assegura Carlos Cortes.

No Parlamento, Chega e Iniciativa Liberal, com o apoio do PSD, já pediram uma Comissão Parlamentar de Inquérito para esclarecer o caso das gémeas que no Hospital de Santa Maria receberam um medicamento de quatro milhões de euros.

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