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As mentiras e verdades da entrevista a António Costa

António Costa quis defender o legado que deixa depois de oito anos à frente do Governo. Mas na entrevista que deu à TVI, nem todos os dados que apresentou correspondem à verdade.

Diogo Teixeira Pereira

Daniel Fernandes

Durante uma hora e meia de entrevista à TVI, António Costa foi a vários temas da governação e quis defender o legado que construiu enquanto primeiro-ministro. Ao fim de oito anos à frente do Governo, há argumentos que não resistem à prova dos factos.

"O que tem aumentado em Portugal na carga fiscal? Não são os impostos, são as contribuições para a Segurança Social", alegou António Costa.

O aumento da carga fiscal tem sido uma das críticas mais apontadas pela oposição à governação socialista. Mas ao contrário do que diz o primeiro-ministro, os impostos indiretos têm sido preponderantes.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), consultados pelo Polígrafo, só em 2020, ano de pandemia, houve uma diminuição do valor pago pelos portugueses em impostos indiretos.

Desde que António Costa chegou, os impostos indiretos aumentaram quase 40% e com o Orçamento de 2024 a carga fiscal vai atingir um recorde absoluto de 38% do PIB.

"Depois do brutal crescimento da divida, que o Covid-19 nos obrigou, em que chegamos a 138%, nós praticamente vamos ficar nos 100%".

O gráfico da dívida pública fornecido pelo site do Banco de Portugal confirma a afirmação de António Costa.

“Temos mais médicos de família. Mas temos mais residentes em Portugal e, portanto, o número de residentes faz alterar este rácio”, disse Costa.

Segundo o Polígrafo, quando António Costa chegou ao executivo havia mais de 10 milhões de pessoas inscritas em cuidados de saúde primários. Destes, mais de um milhão não tinham médico de família - 10% do total.

De facto, o número de inscritos aumentou para 10,5 milhões. Mas o número de pessoas sem médico de família teve um rácio de aumento superior a este valor.

Nas contas que fez sobre o salário médio, António Costa também errou no resultado. De acordo com dados do IINE, o salário médio em Portugal subiu menos de 25%.

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