O Governo cumpre esta quinta-feira o último dia em plenas funções. Esta noite é oficialmente destituído pelo Presidente da República e entra em gestão com poderes limitados até às eleições de 10 de março. Foram pouco mais de 20 meses de legislatura marcados por várias demissões e polémicas.
A Câmara do Porto serviu de cenário para a habitual foto de família no último Conselho de Ministros do atual Governo, horas antes de ser formalizada a demissão do Executivo marcada pelo Presidente da República para quinta-feira à noite.
A legislatura só deveria terminar em 2026, mas a 7 de novembro António Costa entendeu que não tinha condições para continuar.
Foi nesse dia, há exatamente um mês, que o nome do primeiro-ministro surgiu num comunicado da Procuradoria-Geral da República a propósito da operação Influencer, que levou a buscas em S. Bento e à detenção de homens próximos de António Costa. O então ministro das infraestruturas também foi constituído arguido.
Há meses que João Galamba era uma constante dor de cabeça para o chefe do Governo, em especial devido ao escândalo no ministério das Infraestruturas que envolveu as secretas, em abril deste ano. Dias depois, Galamba mudou de opinião e pediu mesmo a demissão, mas António Costa não aceitou.
A recusa do primeiro-ministro deu início a uma guerra aberta entre São Bento e Belém, que acabaria por terminar com a decisão de Marcelo de dissolver o Parlamento. Facto que deitou por terra a convicção com que António Costa tomava posse, em março do ano passado.
A estabilidade durou muito pouco porque, apesar da maioria absoluta, o terceiro governo de António Costa viveu em permanente sobressalto com várias polémicas e constantes demissões.
Das mais sonantes, destaque para as saídas da ministra da saúde Marta Temido, em agosto do ano passado, devido à sucessão de problemas no SNS e a de Pedro Nuno Santos, no final de 2022.
O agora candidato à liderança do PS deixou o cargo de ministro das Infraestruturas, após a polémica na TAP e a indemnização milionária a Alexandra Reis, que também já tinha abandonado a secretaria de Estado do tesouro quando foi noticiado que tinha recebido 500 mil euros da transportadora aérea.
Houve também saídas de vários outros secretários de Estado, como o do adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, depois de ter sido constituído arguido em dois processos.
Neste entra e sai, houve um caso que fica para a história: o da secretária de Estado da Agricultura, que tomou posse e que se demitiu apenas 26 horas depois por causa de um processo judicial do marido.