Em cima da mesa esteve a célebre e recente proposta para aumentar as pensões, feita no congresso do passado sábado, que levantou polémica e foi alvo de críticas à esquerda e à direta. O que tenciona Montenegro desfazer o empate técnico com o PS e combater o crescimento do Chega. E ainda se vai ou não avançar a coligação com CDS e IL.
Orçamento do Estado para 2024, que tantas polémicas teve desde o início, acabou por ser aprovado esta quarta-feira com a votação favorável do Partido Socialista, que detém a maioria absoluta no Parlamento, e a abstenção do Livre e do PAN e os votos contra dos restantes partidos da oposição.
“Orçamento pipi e betinho”
No passado mês de outubro, Luís Montenegro considerou o documento “pipi e betinho”, confrontado agora após a sua aprovação, o líder social-democrata disse que irá criar um orçamento suplementar ou retificativo, de modo a servir os cidadãos.
"Vamos, naturalmente, fazer a atualização daquilo que são os seus princípios e muitas das suas medidas através de um orçamento suplementar ou retificativo, que vai introduzir os nosso objetivos principais do ponto vista das prioridades políticas para que os serviços públicos possam servir os cidadãos", atirou.
“Pedro Nuno Santos está associado a três das maiores trapalhadas deste Governo”
Sobre os nomes que estão na corrida à liderança do Partido Socialista, Montenegro disse mostrar respeito pelos dois candidatos, mas não tem preferência por nenhum deles [Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro]. Acrescentando ainda que Pedro Nuno Santos esteve envolvido nas três das maiores trapalhadas deste Governo de António Costa.
"O candidato Pedro Nuno Santos transporta em cima uma convicção em governar com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista. E mais, está associado a três das maiores trapalhadas deste Governo, que ainda está em funções. Foi com ele que não soubemos da indemnização a Alexandra Reis, e é um dos responsáveis desta toda a embrulhada da TAP", reiterou.
Possível aliança para as eleições?
Questionado se, em caso de derrota nas legislativas antecipadas de 10 de março, admitiria viabilizar um Governo minoritário do PS, Luís Montenegro começou por repetir que "só será primeiro-ministro se ganhar eleições".
"Estou disposto a assumir a minha responsabilidade de não constituir Governo, naturalmente que isso passará pela assunção da responsabilidade governativa por parte do PS", admitiu.
Montenegro afirmou ainda que os sociais-democratas ainda não tomaram uma decisão em relação a uma candidatura conjunta com o CDS e o PPM, mas deixou uma porta “entreaberta”.
“Ainda não tomámos uma decisão, mas estamos abertos a poder dialogar, ponderar com esses partidos ”, revelou o líder do PSD, acrescentando que “listas do partido para as eleições vão integrar vários cidadãos independentes”.
Já sobre uma eventual coligação com Chega ou Iniciativa Liberal, Luís Montenegro disse que são partidos diferentes, mas realçou que “o voto que muda de governo é o no PSD” se o objetivo é mudar de Governo.
"Venho para governar o país se o povo expressar isso nas eleições. Eu só serei primeiro-ministro se ganhar as eleições. E estou convicto que irei ganhar e ser primeiro-ministro por essa via", acrescentou.
A proposta do aumento das pensões
No congresso do PSD, realizado no passado sábado, Montenegro prometeu que até 2028 todos os pensionistas iriam receber 820 euros. Um dia depois, afinal essa medida só iria abranger as pessoas mais vulneráveis economicamente. Um volte face que mereceu criticas dos candidatos à liderança do PS, que exigiram que o presidente social-democrata explicasse melhor a sua promessa.
"Há um certo estigma da sociedade portuguesa relativamente às medidas restritivas do Governo de Pedro Passos Coelho e que não foram bem entendidas, mas eu também não estou a olhar para trás, estou a olhar para a frente. Hoje em dia, maior parte das pessoas ganham muito pouco dinheiro, e por isso nós propomos baixar o IRS até ao oitavo escalão. E propomos também o reforço do apoio daqueles que já não estão na vida ativa, dos reformados e pensionista, daqueles não têm o mínimo para fazer face às despesas. A nossa proposta é de que todos os que se encontram em idade de aposentação possam ter 820 euros até ao final de 2028, justificou.