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"OE2024 vai buscar um horror de dinheiro às famílias e empresas por via indireta"

David Dinis, diretor adjunto do Expresso, e José Gomes Ferreira, da SIC, analisam a aprovação do Orçamento do Estado para 2024 e o caráter eleitoralista do diploma. Já Marcelo Rebelo de Sousa vai optar pelo silêncio até 10 de março.

José Gomes Ferreira

David Dinis

José Gomes Ferreira da SIC e David Dinis, diretor adjunto do Expresso, analisam a aprovação do Orçamento do Estado e discutem se é uma proposta eleitoralista - ou não. Os partidos políticos já começam a fazer promessas eleitorais.

Marcelo Rebelo de Sousa anunciou esta quarta-feira que vai optar pelo silêncio até 10 março e David Dinis, diretor adjunto do Expresso, concorda com a abordagem, especialmente em circunstâncias com muito ruído como esta crise política.

"Ele diz isso e ainda bem, os ânimos estão muito agitados, ele acrescenta um ponto que é suficiente para nos deixar a pensar: os portugueses farão agora o julgamento sobre o que se passou nos últimos meses e últimos dias, não fala só do que levou à saída de António Costa, está a falar sobre outros factos anteriores a isso, quando diz sobre estes dias não pareceu em si mesmo um apelo para as pessoas se posicionem sobre os programas políticos", comenta David Dinis.

Para o diretor adjunto do Expresso, “qualquer palavra” que o Presidente da República diga "permitirá um julgamento, quanto mais calado melhor".

José Gomes Ferreira considera o diploma do Orçamento do Estado para 2024 eleitoralista, para além do discurso “monótono” que o PS apresenta, há oito anos, sobre o virar “da página da austeridade”.

“É impressionante como ao fim destes anos todos o discurso político-partidário de quem está no poder continua a ser que viraram a página da austeridade por oposição a um governo PSD CDS, que é acusado de ter iniciado essa página da austeridade, e estas almas nunca se lembram que quem cortou os salários da função publica foi José Sócrates em outubro de 2010, congelou as carreiras e os aumentos das pensões”, analisa o jornalista da SIC.

Para José Gomes Ferreira, assistiu-se a uma discussão sobre um OE que irá ser executado por outro Governo - que o vai alterar em funções. Para além disso, o jornalista da SIC considera que o diploma é eleitoralista.

“O discurso é repetitivo e monótono, pois o Governo PS de António Costa continuou a ser austeridade, o OE é eleitoralista que distribui benesses por um lado, mas vai buscar por via indireta um horror de dinheiro às empresas e famílias, que as pessoas não estão a perceber bem o que lhes vai cair em cima, será 38% do PIB em carga fiscal, nunca foi assim em Portugal, vão buscar taxas taxinhas, decisões de consumo”, explica.

Já para David Dinis, não faz sentido a conotação de eleitoralista ao diploma de Fernando Medina e o restante Governo de António Costa, tendo em conta que, como assinalou José Gomes Ferreira, tem uma pesada carga fiscal.

“Há pontos que tu dizes e eu concordo, não me parece é que se deve dizer que o OE é eleitoralista quando ia haver eleições três anos depois, ao mesmo tempo dizeres que é de uma carga fiscal brutal. Se se diz que vão aumentar os impostos indiretos, mas é escondido, mas as pessoas percebem entre janeiro e março, não acho eleitoralista. Não digo que não há medidas eleitoralmente simpáticas, mas uma medida boa é eleitoralista porque é simpática?”, interroga o jornalista do Expresso.

No entanto, David Dinis salienta a forma como o Governo começou nestas últimas semanas a fechar acordos que não estavam previsto no OE, como na Saúde e técnicos superiores.

“Já estamos a ver também os partidos políticos a prometer, o que vimos do debate foi todas as bancadas a começar promessas, ficou esclarecedora a pressão das esquerdas com a nova liderança do PS, assim como à direita. Estamos a ver o principio de um problema”, concluiu o jornalista do Expresso.

O último Orçamento do Estado (OE) de António Costa foi, sem surpresas, aprovado esta quarta-feira na Assembleia da República, com os votos favoráveis da bancada do Partido Socialista, que detém uma maioria absoluta, e as abstenções dos deputados únicos do Livre e do PAN.

O documento teve votos contra de PSD, Chega, Iniciativa Liberal, PCP e BE.

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