O número de pessoas a viver nas ruas e a pedir ajuda para comer tem aumentado em Lisboa, quem alerta é um dos centros de apoio aos sem-abrigo que em poucos meses teve de passar a distribuir mais 90 refeições por dia.
Normalmente a fome não deixa levarem a comida até muito longe, comem-na perto do sítio da entrega. José João vem sempre com o mesmo grupo, que conheceu na rua onde vive há pouco tempo. Ficou sem trabalho e não fazia descontos, tornando-se impossível pagar a renda da casa onde estava.
"Ninguém consegue viver a ganhar 850 euros e pagar uma casa em Lisboa. Só se não pagar comida e contas", diz.
José João explica que é a primeira vez que se encontra numa situação de sem-abrigo e que é é um desafio todos os dias.
"É a primeira vez que estou numa situação destas. Tive de me desenrascar, isto é o salve-se quem puder, aqui na rua. A vida de rua não é boa para ninguém, não queira cá vir parar. Cheguei a roubar uma manta para me tapar", conta
Enquanto o grupo onde está o José João vai avançando na refeição, mais atrás ainda há muitas pessoas que estão à espera na fila, que se forma normalmente ainda antes do carro de apoio chegar.
O Casa, uma das associações que apoia os sem-abrigo, é um centro privado que apoio o sem-abrigo, vive de angariações de privados, supermercados e empresas que enviam sobras que são cada vez menos por causa do combate ao desperdício.
A situação em Lisboa está a complicar-se e as associações contam alargar as rotas de distribuição em breve e só querem garantir que há comida para todos no próximo ano.