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Urgências: 30 hospitais limitados em todo o país, com Norte mais desfalcado

O Hospital de São João está sobrecarregado e, agora, ainda mais. Apesar da nova reorganização do SNS, a Ordem dos Médicos já a veio criticar, apesar dos elogios do Sindicato.

Kathleen Araújo

Marta Sobral

A partir desta segunda-feira, 30 hospitais de todo o país vão ter problemas ainda maiores nas urgências. A maioria é na zona Norte o que significa uma sobrecarga ainda maior para o Hospital São João, no Porto. Na grande lisboa, há 10 hospitais a funcionar com limitações nas urgências, como o Beatriz Ângelo, em Loures, que durante o fim de semana teve problemas na pediatria.

Depois de ser conhecido o plano de reorganização em rede, o hospital de São João está de braços abertos e esticados até ao limite para receber doentes de seis das 11 urgências do Norte com maiores constrangimentos, o que se traduz num esforço redobrado.

A capacidade do hospital tem sido, por isso, meticulosamente adaptada, mas até ao momento nenhum caso urgente deixou de ser atendido.

As três especialidades mais afetadas são Cirurgia Geral, Ginecologia/Obstetrícia e Ortopedia.

O São João vai receber doentes do hospital de Viana do Castelo com dificuldades em dar resposta à urgência de Cirurgia Geral na noite de 17 e todo o dia e noite de 18 de novembro.

O mesmo acontece com o hospital de Vila Nova de Famalicão, onde a resposta ao tratamento cirúrgico será também assegurado no São João.

Já no Hospital de Braga, os constrangimento serão sentidos sobretudo na urgência de Ginecologia/Obstetrícia nos dias 14, 17 e 18 e na cirurgia geral durante toda a semana.

São ainda apontados constrangimentos na Unidade Hospitalar da Póvoa do Varzim no serviço de cirurgia no dia 18, assim como Tâmega e Sousa, que estará encerrado para a urgência de Pediatria a partir do dia 14 e continuará fechado até nova indicação de data.

Já a urgência de Obstetrícia/Ginecologia deste hospital estará assegurada até 15 de novembro. Enquanto não há acordo entre médicos e Governo, o Serviço Nacional de Saúde vai continuar sobre pressão.

10 hospitais limitados em Lisboa

É a segunda vez que uma utente vem com a filha ao Hospital Já cá tinha estado, mas não foi atendida. Ontem, a urgência Pediátrica estava fechada
e estão previstos mais constrangimentos durante a semana.

Além da urgência Pediátrica, também as urgências de Obstetrícia e de Cirurgia Geral do Hospital de Loures vão ter perturbações até sexta feira.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo, há 10 serviços de urgência que vão estar com limitações devido à recusa dos médicos em fazer horas extraordinárias.

Há oito meses, os chefes de equipa do Hospital de Loures demitiram-se por falta de condições, sobretudo de profissionais para assegurar os cuidados de saúde. Até agora, não houve substitutos nem novas contratações.

Ordem dos Médicos: “lamentável”

Cirurgia Geral, Ortopedia, Pediatria e Obstetrícia são as especialidades mais afetadas pelo novo mapa de reorganização das urgências hospitalares do SNS.

Face à atual crise nas urgências, insuflada pela recusa dos médicos a mais trabalho extraordinário, a Direção Executiva do SNS publicou um plano válido até dia 18, com os serviços fechados e os hospitais de referenciação.

A Ordem dos Médicos já reagiu. O bastonário Carlos Cortes critica a Direção Executiva do SNS por ter deixado a Ordem dos Médicos de fora da reorganização das urgências e considera o mapa "lamentável".

“Todas as decisões que a DE-SNS publica (...) a Ordem dos Médicos sabe exatamente no momento em que é dado a conhecer ao país (...)”, diz Carlos Cortes.

Para a Federação Nacional dos Médicos , o novo mapa de reorganização das urgências não é solução para a crise no SN.

Ao contrário da FNAM, o Sindicato Independente dos Médicos considera que, apesar de tardia, a reorganização do SNS é positiva e pode responder aos constrangimentos nas urgências.

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