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"Utentes da Baixa da Banheira faleceram sem o mínimo de cuidados médicos"

Mais de 20 mil pessoas não têm médico de família no centro de saúde da Baixa da Banheira, no concelho da Moita. Há utentes a dormir à porta da unidade, ao relento, para conseguirem uma senha que, nem assim, é garantida.

Marta Sobral

Jorge Oliveira

Mais de 20 mil pessoas não têm médico de família no centro de saúde da Baixa da Banheira, no concelho da Moita, distrito de Setúbal. Os utentes queixam-se da falta de médicos e dizem que a falta de condições está a afastar ainda mais os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Lúcia Neto partilha com os restantes utentes situações semelhantes às desta quinta-feira, em que teve de chegar durante a noite para tentar ter consulta.

"Vim para aqui dormir. Às 22 horas viemos para aqui dormir para apanhar senha do dia seguinte", conta à SIC Notícias.

Há utentes que chegam quase 10 horas antes do centro de saúde abrir.

"O dia em que há mais senhas é às quartas-feiras, que são 30 a 45 senhas, mas as pessoas mesmo assim têm que vir para aqui dormir para poder apanhar uma senha", afirma.

Já outra utente desabafada que "há 40 e tal anos" que assim é.

Esta UCSP, Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados, tem atualmente quatro médicos efetivos para dar resposta a mais de 20 mil utentes.

"Precisamos de 14 médicos. Não é com 40 horas semanais que atendemos as pessoas convenientemente, nem no mínimo. Temos hoje certezas que utentes da Baixa da Banheira faleceram sem o mínimo de cuidados médicos", alega José Fernandes, da comissão de utentes.

A comissão de utentes diz que, no último ano, saíram quatro médicos desta unidade, que iriam integrar a nova unidade de saúde familiar da Baixa da Banheira. Garante já ter feito chegar todos os problemas ao Governo e que, até agora, não tiveram resposta.

A obra para construção da nova USF da Baixa da Banheira foi adjudicada em 2020, mas esteve parada até agora. Foi retomada em abril deste ano por um prazo de 300 dias.

Os utentes acreditam que a nova unidade de saúde familiar poderá atrair mais médicos e ajudar a solucionar o problema que afeta 20 mil pessoas.

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