Pela primeira vez nos 35 anos da rádio, os trabalhadores da TSF estão, esta quarta-feira, a fazer uma greve de 24 horas. Acusam a administração da Global Media de desrespeito pelos profissionais e de falta de respostas perante as negociações por melhores condições de trabalho, tal como dá conta o jornalista da SIC, Vítor Lopes, que esteve no local onde acontece o protesto e falou com um dos envolvidos.
Dezenas de trabalhadores da TSF saíram à rua para contestar o atraso no pagamento de salários "sem qualquer aviso ou justificação", aponta Filipe Santa-Bárbara, um dos profissionais em protesto, que afirma que essa "é a primeira falta de respeito identificada pelos trabalhadores".
O jornalista diz que o segundo motivo que desagradou aos trabalhadores foi a não realização de ajustes nos salários, tendo em conta a inflação.
A terceira e última razão que motivou os trabalhadores a saírem à rua prende-se com a saída do diretor da rádio, o jornalista Domingos de Andrade, sem que o Conselho de Redação da TSF tenha sido consultado.
"Sai do dia para a noite, soubemos por comunicado ao arrepio do que é a lei, que prevê que o conselho da redação seja ouvido - seja para a destituição, seja para a nomeação de novos diretores - e isso não aconteceu", declara.
TSF sem notícias durante todo o dia
Filipe Santa-Bárbara vinca que os trabalhadores do meio de comunicação social pedem respeito e que, pela primeira vez em 35 anos, desligaram "o microfone". Assim sendo, ao longo desta quarta-feira não haverá notícias na TSF, nem no site nem na rádio.
Prossegue dizendo que a administração da empresa já tentou uma abordagem de forma a reunir com os profissionais durante esta quinta-feira, de forma a reverter a situação.
"Este protesto é hoje aqui da TSF, mas na verdade é um protesto pelo jornalismo em Portugal. É mostrar que, apesar dos sucessivos cortes no panorama mediático do país, nunca nos juntámos para fazer uma greve, apesar de sermos cada vez menos a fazer jornalismo", entende.
“É o ponto de saturação de toda esta gente, está na altura de nos respeitarem”
O jornalista lembra as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa que inúmeras vezes frisou que o jornalismo é um pilar fundamental da democracia. Por esse motivo, destaca que apesar desta manifestação ter como ponto de partida as condições laborais dos trabalhadores da TSF, também "é muito maior do que isso".
"É o ponto de saturação de toda esta gente, está na altura de nos respeitarem. Queremos ser ouvidos, somos ouvidos todos os dias a dar notícias, hoje, infelizmente, estamos nas notícias, mas é por um bem maior que é o jornalismo e o jornalismo em Portugal", atira.