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Costa acusa BCE de não compreender qual a natureza da inflação

O primeiro-ministro ainda justificou que o ciclo inflacionista se deve aos lucros extraordinários e não aos aumentos salariais como tem sido justificado pr Christine Lagarde

Virginia Mayo

Maria Madalena Freire

SIC Notícias

A caminho da reunião de líderes esta quinta-feira, em Bruxelas para uma cimeira do Conselho Europeu., António Costa esclareceu que é importante o Banco Central Europeu fazer bem o “diagnóstico" para acertar os passos a tomar no futuro no que diz respeito à inflação.

O primeiro-ministro está presente esta quinta-feira na cimeira do Conselho Europeu, onde revelou de antemão que os assuntos a serem discutidos dizem respeito à situação na Ucrânia, mas nomeadamente à cimeira que haverá com a América latina e a inflação.

“Estamos a poucas semanas de ter uma cimeira entre a América latina e a União Europeia, temos de garantir que a Europa não se fecha sobre si própria, precisa de matéria prima, de parceiros à escala global e não há mais próximos do que todos os países da América latina”; esclareceu António Costa.

Seguindo este balanço, o chefe do Executivo revelou, também, que se irá discutir a revisão das regras de governação económica da Zona Euro, o que considera ser um tema “importante” pela “má experiência” que Portugal tem da aplicação destas regras.

“É importante que a Europa retire lições sobre os erros que cometeu no passado, de forma a ter regras que sejam iguais para todos, mas ajustáveis aquilo que são as condições económicas de cada um e não imposições externas”, expôs.

Assim, Costa também mencionou que no Banco Central Europeu não tem havido “compreensão da natureza específica do ciclo inflacionista”, e não tem tido em conta quais os fatores que a têm alimentado.

“O aumento de lucros extraordinários tem contribuído mais para a manutenção da inflação e não as subidas salariais. Isto limita muito a capacidade do enfrentar porque se não acertamos bem no diagnóstico a terapia raramente acerta”, criticou António Costa.

A esgrima com Lagarde

O Banco Central Europeu (BCE) aponta para nova subida dos juros no final de Julho. No fórum anual, que decorreu em Sintra, Christine Lagarde disse que é tempo de os Governos recuarem nos apoios.

No segundo dia do Fórum Anual do BCE, Lagarde foi categórica quando apontou para as margens de lucros das empresas para os aumentos salariais como causas da crise inflacionista.

Em menos de um ano, os juros na zona euro subiram quatro pontos percentuais, um novo aumento no final de julho já foi anunciado e é provável que volte a acontecer em Setembro, mas a presidente do BCE não se compromete.

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