José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão, da SIC, consideram que o primeiro-ministro fugiu ao falar do ex-secretário de Estado Hugo Mendes por escrito à agência Lusa e antes de uma viagem. Acusam ainda o Executivo de ter uma “máquina de propaganda”.
"Deve ser interpretado como uma estratégia definida pela central de propaganda que ele tem em São Bento que lhe disse 'só vais falar nisto e depois vais para o estrangeiro e evitas falar de todas as outras polémicas'", afirma José Gomes Ferreira.
O jornalista da SIC salienta que a notícia não é a declaração de António Costa sobre o Hugo Mendes, mas sim o "cinismo e a hipocrisia na declaração".
O primeiro-ministro considera gravíssimo o e-mail que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente executiva da TAP sobre o chefe de Estado e afirma que teria obrigado à sua demissão na hora. Esta posição de António Costa foi transmitida em resposta à agência Lusa antes de partir para uma visita de dois dias à Coreia do Sul.
No Primeiro Jornal, José Gomes Ferreira defende ainda que, se houvesse uma comissão de inquérito sobre a CP, a Transtejo ou a Infraestruturas de Portugal, "íamos encontrar a mesma postura".
Já Bernardo Ferrão considera que o primeiro-ministro devia ser "o primeiro a dar o exemplo" e a exigir responsabilidades e que estas declarações foram uma "fuga, no sentido literal".
"Tudo isto é lamentável da forma como foi feito e como deixa em causa o regular funcionamento das instituições".
José Gomes Ferreira, diz que, com "três ou quatro ministros fragilizados", Costa não responde aos problemas, faz uma "declaração à agência estatal" - sublinha - por escrito e "vai embora".
Considera ainda que João Galamba tem de se explicar e que Fernando Medina, ministro das Finanças, continua fragilizado por não ter questionado "cabalmente" Alexandra Reis sobre saída da TAP e o seu percurso.
Governo a “começar a esgotar-se”
Ainda em análise no Primeiro Jornal, Bernardo Ferrão considera que há a TAP está "sem rei nem roque" e que há jogos de poder do PS na companhia aérea.
"Tudo isto mostra que há um gravíssimo problema no Governo: há aqui uma gestão pura e dura apenas e só para a propaganda que o Governo percebe que tem de tomar só para ganhar alguma iniciativa política. O Governo de ação em ação tem vindo a falhar", afirma.
Bernardo Ferrão considera ainda que o "prazo deste Governo" está a "começar a esgotar-se".