País

Morte Sara Carreira: Ivo Lucas, Cristina Branco e Paulo Neves vão a julgamento

Os arguidos Ivo Lucas, Cristina Branco e Paulo Neves vão a julgamento por homicídio por negligência. Em causa está o acidente que vitimou a filha do músico Tony Carreira.

A cantora Sara Carreira, de 21 anos, morreu a 6 de dezembro, num acidente que envolveu vários automóveis na A1, em Santarém.

SIC Notícias

Terminado o debate instrutório do acidente que provocou a morte de Sara Carreira, o Tribunal de Santarém decidiu levar Ivo Lucas, Cristina Branco e Paulo Neves a julgamento por homicídio por negligência. Tiago Pacheco, o condutor que embateu no carro onde seguia Sara Carreira, também vai sentar-se no banco dos réus mas por condução perigosa, crime pelo qual já estava acusado.

O juiz de instrução criminal do Tribunal de Santarém pronunciou para julgamento os quatro envolvidos no acidente na A1, mantendo para Cristina Branco a acusação da prática de um crime de homicídio por negligência (passível de pena de prisão até três anos) e retirando a contraordenação por não colocação do triângulo sinalizador.

A decisão instrutória agravou a acusação imputada a Ivo Lucas, que vai ser julgado pela prática de um crime de homicídio negligente na forma grosseira (passível de pena de prisão até cinco anos), o mesmo crime que imputou a Paulo Neves, o condutor cuja conduta, concluiu o juiz, contribuiu para a cadeia de acidentes que se sucederam.

Numa primeira reação, à saída do Tribunal de Santarém, Tony Carreira revelou-se pouco otimista sobre o desfecho deste processo.

“Não tenho nada para dizer. Volto a dizer o que já disse muitas vezes, sei perfeitamente como é que isto vai terminar: vai terminar a dizer-se que perdi a minha filha e nada vai acontecer a ninguém. Só lamento que nenhum dos arguidos me tenha enviado uma mensagem ou escrito uma carta a lamentar a dizer simples: 'lamento aquilo que aconteceu”, disse Tony Carreira aos jornalistas.

O juiz considerou "contraditória" a posição do Ministério Público (MP) ao pedir o arquivamento da acusação por homicídio negligente para Paulo Neves, mesmo admitindo que aquele conduzia a velocidade abaixo do permitido por lei em autoestrada.

Para o juiz, a conduta de Paulo Neves, que quatro horas depois do acidente apresentava uma taxa de alcoolemia de 1,18 g/l, aumentou exponencialmente o risco de colisão na traseira do seu veículo, como veio a acontecer com a viatura conduzida por Cristina Branco.

Considerando que, ao não conseguir evitar o embate, Cristina Branco não adotou os cuidados que se impunham, o juiz entendeu que a conduta de ambos foi causa direta para o embate que se seguiu, da viatura conduzida por Ivo Lucas, o qual demonstrou, igualmente, uma condução descuidada, ao circular acima do limite máximo permitido e na faixa central da autoestrada.

O juiz retirou a Cristina Branco a acusação da prática de uma contraordenação grave, referindo o estado de confusão em que esta se encontrava e o risco que constituiria sair do separador central, onde se refugiara com a filha de 11 anos, para ir colocar o triângulo sinalizador junto à viatura.

Salientando que a cantora "priorizou" a segurança da filha, o juiz admitiu que, mesmo que tivesse colocado o triângulo, nada garante que teria evitado o embate de Ivo Lucas na viatura, já que este conduzia a velocidade acima do permitido e de forma desatenta.

Quanto ao quarto envolvido no acidente, Tiago Pacheco, mantém-se a pronuncia para ser julgado por condução perigosa de veículo e duas contraordenações (uma leve e uma grave), salientando a decisão instrutória que não existe qualquer prova de que circulasse abaixo do que consta na acusação, entre 146,35 e 155,08 Km/h, e que tenha reduzido a velocidade, como este veio alegar.

Cristina Branco recordou noite do acidente

A 5 de dezembro de 2020 tinha estado a chover e o piso estava molhado. O carro conduzido pela fadista Cristina Branco embateu num outro onde seguia Paulo Neves a cerca de 30 km/hora, ou seja, abaixo do mínimo permitido por lei.

Devido ao embate, a viatura da fadista ficou virada em sentido contrário na faixa central. Sem mexer na viatura, saiu do carro levando a filha, então com 11 anos, para o separador central, julgando que estava a deslocar-se para a berma da estrada.

Na instrução, Cristina Branco procurou demonstrar que tomou as medidas que lhe foram possíveis para sinalizar devidamente a viatura, justificando com o "instinto de proteção" da filha, e a confusão em que se encontrava, o facto de não ter colocado o triângulo.

A fadista foi a única dos quatros arguidos que falou em tribunal. Ivo Lucas, que viajava ao volante no carro de Sara Carreira, não compareceu mas o Ministério Público considera que “não tem nenhuma hipótese de ser excluído deste acidente como principal culpado”.

Últimas