“Sou candidata à coordenação do Bloco de Esquerda”
Mariana Mortágua apresentou esta manhã a candidatura à liderança do Bloco de Esquerda. A deputada entrega esta moção que levará à Convenção Nacional do partido, marcada para os dias 27 e 28 de maio.
"Sou candidata à coordenação do Bloco de Esquerda", disse Mariana Mortágua numa conferência de imprensa na qual apresentou uma moção que será subscrita por cerca de 1.300 bloquistas.
Na conferência de imprensa, Mariana Mortágua fez vários elogios a Catarina Martins, afirmando que quer continuar a trabalhar com a líder cessante, embora não tenha esclarecido de que forma.
Presentes na sede do BE estavam o fundador Luís Fazenda, os eurodeputados Marisa Matias e José Gusmão, a deputada Joana Mortágua, os ex-deputados Jorge Costa e Moisés Ferreira.
Este anúncio surge duas semanas depois de a ainda coordenadora do BE, Catarina Martins, ter revelado que vai deixar a liderança do partido na Convenção Nacional de 27 e 28 de maio, que decorrerá em Lisboa.
“Maioria absoluta do PS não cumpre o que promete”
A candidata à liderança do BE fez duras críticas ao PS e criticou a maioria absoluta e consequente desgaste do partido. Acusou o partido de António Costa de ter pretendido o "poder absoluto para deixar o país condenado ao desrespeito pela educação e pela saúde, consumido por quem especula com os preços, corroído pela corrupção e pela facilidade milionária dos favores".
"A maioria absoluta nunca foi outra coisa que não arrogância, intransigência e instabilidade", argumentou, considerando que se trata de "instabilidade de verdade" na vida das pessoas como no caso da habitação, "salários de miséria de professores" ou uma "sociedade dividida entre uma maioria que perde salário a cada dia que passa e uma pequena minoria, uma elite que lucra com a crise".
Para Mariana Mortágua, "as desigualdades não são um pauzinho na engrenagem", mas sim "um pedregulho que esmaga o futuro e para isso a direita não tem qualquer solução".
Afirmou que o Governo tem ajudado à instabilidade no país e que a responsabilidade do Bloco é “mostrar que há uma alternativa à esquerda pode apresentar respostas à crise”.
O Bloco “apresenta uma alternativa à escolha péssima entre o mau e o pior”.
O partido tem "a marca de Catarina Martins"
Mortágua considerou que o percurso do partido tem "a marca de Catarina Martins", que classificou como "a melhor porta-voz em tempos tumultuosos" e com quem disse contar para o futuro.
"Este percurso de consistência e este impulso renovado do Bloco de Esquerda têm a marca de Catarina Martins. O tempo dela como coordenadora do Bloco abriu novos caminhos, criou confiança popular, ela foi a melhor porta-voz em tempos tumultuosos e tenho a certeza que agora que decidiu terminar o seu mandato como coordenadora do Bloco, a Catarina vai continuar a marcar-nos com a sua consistência, com a sua força e nós contamos com ela para isso", disse Mariana Mortágua na conferência de imprensa na qual apresentou a candidatura à liderança do BE.
Questionada pelos jornalistas sobre o futuro de Catarina Martins, a candidata à liderança disse não poder responder pela ainda coordenadora do partido "nas decisões da sua vida" que será preciso respeitar.
"O que posso dizer - e acho que falo em nome de todos os bloquistas - é que contamos com ela no futuro, para todas as funções do BE, para todo o trabalho que temos pela frente", acrescentou.
A SIC já tinha avançado a possibilidade de Mariana Mortágua suceder a Catarina Martins, que anunciou que não se iria recandidatar no passado dia 14 de fevereiro.
Mariana Mortágua, que está no Parlamento desde 2013 (entrando então para substituir Ana Drago), nasceu no Alvito e tem 36 anos.
É economista, tendo sido o rosto do partido nas comissões parlamentares de inquérito à banca e nas discussões do Orçamento do Estado, entre outros dossiês.
Com licenciatura, mestrado e doutoramento em economia, Mariana Mortágua conta já com algumas obras publicadas nesta área, duas delas em coautoria com o fundador e ex-líder do BE, Francisco Louçã.