País

Ministro esclarece (e desmente) polémicas sobre obras e empresa na qual é sócio

O ministro dos Negócios Estrangeiros esclarece, a partir de Bruxelas, as notícias recentes que dão conta de afinal saberia da derrapagem nas obras do antigo hospital militar, e a questão de um sócio da sua empresa imobiliária ter sido condenado por fraude fiscal.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, no Conselho dos Negócios Estrangeiros, que decorre em Bruxelas.
OLIVIER HOSLET

SIC Notícias

O ministro João Gomes Cravinho falou à comunicação social à margem do Conselho dos Negócios Estrangeiros, que decorre em Bruxelas. O governante abordou o envio de materiais bélicos para a Ucrânia, as “divergências” na Aliança, bem como os casos recentes (e polémicos) que o envolvem, nomeadamente a condenação por fraude fiscal de um sócio seu.

À saída da reunião, Gomes Cravinho começou por destacar a matéria abordada no encontro: o reforço de armamento à Ucrânia. “A questão dos [tanques] Leopard foi conversada nos corredores e não tanto na reunião”, revelou.

O “entrave” no envio destes tanques resulta de várias “divergências” entre Estados, adiantou o ministro, antes de esclarecer que “o nosso adversário” não é nenhum país da Aliança mas sim a Rússia.

Nesse sentido, Gomes Cravinho diz que Portugal já se mostrou disponível para oferecer treino militar a soldados ucranianos para que possam utilizar este tipo de veículos.

A condenação do sócio

Em 2015, João Gomes Cravinho tornou-se sócio de uma empresa imobiliária mas, garante, nunca teve "nenhuma responsabilidade de gestão".

Mais. O atual ministro assegura que não tinha conhecimento dos "problemas de natureza fiscal" de um dos sócios da empresa e sublinha "que esses problemas nada têm a ver com a empresa" e "muito menos" com ele, Gomes Cravinho.

A empresa em que está envolvido nunca teve problemas legais, “tem os impostos em dia” e “não tem dívidas à Segurança Social”, declarou aos jornalistas.

"É inteiramente difamatória a associação a uma pessoa, que era um antigo proprietário da empresa, que foi adquirida", diz Gomes Cravinho, reiterando que não conhece, nem tem qualquer ligação, com o antigo dono e fundador da empresa em que detém, atualmente, uma participação de 20%.

“Não há nenhuma mentira”

E sobre as obras no antigo hospital Militar? Questionado sobre a notícia publicada na edição desta sexta-feira do Expresso, João Gomes Cravinho admitiu que em março de 2020 "torna-se claro que o custo vai ser superior àquilo que era o custo inicial estimado", mas garantiu que "não há nenhuma mentira" naquilo que declarou ao Parlamento.

"Devo dizer que não gostei, não gostei nada mesmo, de ser acusado de mentir, muito menos de mentir ao Parlamento português. Não há nenhuma mentira naquilo que eu disse, e isso explicarei em pormenor na Assembleia da República", declarou o agora chefe da diplomacia portuguesa.

Ainda assim, Cravinho disse que vai explicar "em pormenor" o processo na Assembleia da República, recordando que em março de 2020 "a prioridade absoluta" era dar resposta à pandemia da covid-19.

"Irei ao Parlamento para responder a todas as perguntas que os senhores deputados entenderem colocar e, portanto, teremos tempo para entrar em pormenor naquilo que quiserem e terei o maior gosto em prestar todos os esclarecimentos", concluiu.

Questionado sobre se este caso de alguma forma belisca a sua capacidade política para se manter no Governo, o agora ministro dos Negócios Estrangeiros respondeu, sem hesitar: "Não, de forma alguma".

O jornal Expresso noticiou que João Gomes Cravinho foi informado em março de 2020 de que o custo das obras no antigo Hospital Militar de Belém estava a derrapar, o que levou o presidente do Chega, André Ventura, a acusar o ministro dos Negócios Estrangeiros de "mentir deliberadamente" ao Parlamento num debate sobre investigações na Defesa e a pedir a sua demissão.

Últimas