Depois de ter sido tema quente no debate de ontem no Parlamento, o caso Rita Marques volta a ser esta quinta-feira mencionado, desta vez pelo Presidente da República. Questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que, quem “é indicado para exercer uma função política e administrativa, faz uma escolha e essa escolha está a na lei".
À margem de uma sessão do Programa “Músicos no Palácio de Belém”, o chefe de Estado manifestou-se sobre a polémica com a ex-secretária de Estado do Turismo que se prepara para assumir funções numa empresa privada da área que tutelou, menos de um mês depois de ter deixado o Governo.
“Eticamente - e ainda antes de ser na lei - não devia ir trabalhar para um setor no qual exerceu poderes de autoridades logo a seguir”, esclareceu o Presidente da República.
E reforçou:
“É evidente que não deve ir trabalhar para uma área que, no fundo, foi a área em que Governou".
A ex-secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, foi contratada para administrar um dos grandes grupos de turismo em Portugal, avançou o Observador. A informação viria a ser confirmada, pouco depois, numa nota divulgada pelo The Fladgate Partnership, que detém várias marcas de vinho do Porto e tem vindo a apostar em negócios na hotelaria e restauração.
A empresa que convidou Rita Marques para a administração beneficia há um ano, por decisão da própria ex-secretária de Estado, do estatuto definitivo de utilidade turística que confere benefícios fiscais.
À SIC, Rita Marques disse que está "absolutamente segura" das decisões que tomou. Ontem, no Parlamento, o primeiro-ministro considerou ilegal a ida da ex-secretária de Estado para uma empresa sob a qual agiu diretamente enquanto governante. António Costa disse que a atitude de Rita Marques não corresonde à ética republicana e admitiu reavaliar o processo que atribuiu benefícios à Fladgate Partnership - uma reavaliação confirmada, entretanto, pelo atual secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda.