O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem demonstrado algumas dificuldades: notícias de doentes em longas horas de espera nas urgências e de blocos de partos fechados têm marcado a atualidade. Fernando Araújo, que assumiu em setembro o cargo de diretor executivo, fala do fecho das maternidades e da criação de urgências metropolitanas na zona de Lisboa.
Sobre o fecho de maternidades, o CEO do SNS explica que as decisões têm de ser “muito bem ponderadas para garantirmos qualidade e segurança”, mas ao mesmo tempo “conseguir garantir proximidade e estabilidade neste tipo de resposta”. Para isso, irão ser criadas regras que serão aplicada a todos.
“Estão a ser avaliadas regras que sejam transversais, que visam, acima de tudo, garantir segurança e qualidade. Não importa se são privados, públicos ou sociais, devem ser seguidas por todos”, afirma em entrevista à SIC Notícias, acrescentando que algumas dessas regras “vão ser anunciadas este janeiro”.
Quer isso dizer que, “eventualmente, alguns blocos de partos privados poderão não conseguir cumprir” as regras, sendo obrigados a encerrar.
“Devo lembrar que há blocos de parto privados que fazem 40 a 50 partos por ano, eventualmente um parto por semana e com taxas de cesariana de 100%. Eu tenho dúvidas se são blocos de partos ou se são blocos cirúrgicos, que é bem diferente”, afirma.
Criação de urgências metropolitanas em Lisboa
Quando questionado se pretender criar serviços de urgências metropolitanas, Fernando Araújo sublinha que esse tipo de urgências já exista – e dá exemplos de sucesso que estão a operar no Porto. Em Lisboa, esse projeto está a ser discutido com nove hospitais pediátricos e o Infarmed.
“O SNS é uma rede. Uma das grandes mais valias que temos é os profissionais que podem trabalhar em conjunto”, defende. “O que não podemos continuar a ter é, de uma forma não planeada, vários instituições a trabalhar de forma isolada. Isso que não confere uma resposta adequada aos utentes.”
Fernando Araújo reconhece que a questão das urgências “congrega vários problemas que o SNS e o sistema de saúde enfrentam”, nomeadamente ao nível dos recursos humanos, dos internamento e até da relação com a Segurança Social. O CEO sublinha que, através das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência, irão “aumentar o número de camas em cerca de um terço relativamente ao existente”.
Objetivo: atrair jovens para o SNS
Fernando Araújo reconhece que a falta de recursos humanos é um problema no SNS. Em articular na área das ecografias obstétricas. Para colmatar essa falha e para atrair mais jovens para o sistema de saúde pública, o CEO sublinha que é necessário oferecer “um projeto de vida” aos profissionais de saúde.
“Queremos muito conseguir cativar jovens e isso passa por oferecermos um projeto de vida do ponto de vista de diferenciação profissional”, afirma o CEO do SNS. “Queremos pagar de forma diferenciada e semelhante ao que se paga no privado, para que os jovens obstetras possam ficar no público, possam formar e aderir a centros de responsabilidade integrados, possam auferir, do ponto de vista do vencimento, valores semelhantes aos que iram receber na no privado.”
Defende também que se deve “dar confiança ao próprio SNS” e transmitir aos mais novos “esta paixão que há pelo SNS que responde com equidade, qualidade, diferenciação e excelência os utentes”. “Acho que é possível mudar este ciclo menos virtuosos que tem acontecido e é possível avançar de novo um clima mais aberto e positivo para cativar as pessoas”, remata.
Sobre o aumento de salários, Fernando Araújo avança que está a ser discutido com os sindicatos e avança que “há uma abertura seguramente do Governo para melhorar as condições do ponto de vista salarial”.