António Costa enfrenta a oposição com uma inflação de 8%, o elevado preço dos combustíveis, uma crise nos serviços de urgência nos hospitais públicos e uma ferida mal curada dentro do próprio Governo.
Quando a 30 de janeiro ganhou as eleições com maioria absoluta, António Costa partia com o foco
num outro Estado da Nação.
"Um dos grandes desafios que terei nesta legislatura é reconciliar os portugueses com a ideia das maiorias absolutas", disse António Costa, em janeiro.
Ao fim de menos de seis meses, a realidade parece desfasada da promessa que acompanhou a vitória da maioria absoluta.
Há uma guerra, que entretanto explodiu na Europa, e o novo Governo, que tomou posse a 30 de março, chega ao balanço do Estado da Nação com a oposição decapitada pela derrota de janeiro.
"Apesar de estar em funções há apenas três meses, este Governo tresanda a velho", dizia no início de julho Luís Montenegro, presidente do PSD.
Luís Montenegro falava sobre a crise política que dividiu em público o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas por causa do novo aeroporto.
"Obviamente foi cometido um erro grave, que foi prontamente corrigido", disse António Costa.
Já Pedro Nuno Santos assumiu as culpas e falou em "erros de comunicação".
Do Estado do Governo para o Estado da Nação, o caminho das pedras faz-se pelo Serviço Nacional de Saúde, depois da crise das urgências de obstetrícia.
Além disso, a escalada dos preços e os juros dos empréstimos apertam, mas o primeiro-ministro rejeita
aumentos salariais como a resposta.
Com os antigos parceiros de esquerda definitivamente divorciados do Governo, os sindicatos
respondem com greves, procurando parar um país que, depois do caos nos aeroportos, volta a arder
com a subida das temperaturas.