Desde que a guerra começou, milhares de refugiados ucranianos escolheram Portugal para viver e muitos estão já totalmente integrados na comunidade. É o caso das 60 famílias, cerca de 200 pessoas, acolhidas na região de Castelo Branco.
Para recomeçar, esta família ucraniana chegou à Partida, uma aldeia no distrito de Castelo Branco.
Mãe e filha, com quatro crianças a seu cargo, deixaram Mykolaiv, na Ucrânia, já com a guerra em curso e com traumas bem vincados.
"Senti que estava a viver um pesadelo. Depois ficou ainda pior quando começaram a bombardear-nos e tivemos que ficar duas semanas fechados na cave com a família toda. Nós temos uma garagem grande e dentro existe uma cave e quando eles bombardeavam nós escondíamo-nos lá dentro", contou Zoya Vynograd, refugiada ucraniana a viver em Partida.
Só uma guerra sem explicação empurrava esta mulher, de 63 anos, para uma viagem que nunca planeou. No seu país trabalhou como encarregada de obras, nada que a preparasse para o que viria a suportar.
"As nossas janelas e o portão, que estavam trancados, abriam-se com a força das explosões e, quando os mísseis caíam, nós ficávamos assim em cima das crianças. E depois ficávamos a saber que tinham caído a 200 metros de nós e que havia casas destruídas e pessoas mortas", descreveu.
"Não planeávamos sair da Ucrânia no início da guerra porque, primeiro, pensávamos que ia acabar depressa e tínhamos pena de deixar a casa e a família para trás. Tenho dois irmãos a viver em Mykolaiv, assim como muito amigos e familiares, mas depois percebemos que a vida das crianças era mais importante e por isso viemos para que ficassem a salvo", disse a outra refugiada, Alla Khanlarova.
Passaram de uma cidade com mais de meio milhão de habitantes para uma aldeia com menos de 200.
Uma maravilha, dentro das circunstâncias.