Carlos Luís Tavares, comandante distrital da Proteção Civil, diz que as povoações de Montemor-o-Velho e Ereira, no distrito de Coimbra, poderão ser ainda afetadas pelas cheias. As autoridades dizem que a situação exige atenção redobrada nos próximos dias, ou até semanas.
A situação de cheias na zona do Baixo Mondego ainda preocupa as autoridades, apesar do débito do caudal do rio ter descido face aos valores acima do nível de segurança registados no sábado, disse fonte dos bombeiros.
"A situação do comportamento do rio Mondego ainda nos preocupa e ainda nos preocupará nos próximos dias, eu diria também nas próximas semanas", disse hoje aos jornalistas Carlos Luís Tavares, Comandante Operacional Distrital de Coimbra (CODIS).
O comandante operacional afirmou que as previsões meteorológicas são "favoráveis" para os próximos dias, "sem registo de precipitação" - o que permite, junto com a gestão na barragem da Aguieira, baixar os caudais no Açude-Ponte de Coimbra "para valores entre os 1.700 a 1.800 metros cúbicos por segundo (m3/s)", quando no sábado chegaram aos 2.200 m3/s, acima do valor de segurança de 2.000 m3/s.
"Ainda assim, estes caudais são preocupantes. Porque a pressão no dia de ontem [sábado] andou na ordem dos 2.200 m3/s e pode ter criado alguma fragilidade [nos diques] que temos de, diariamente, minuto a minuto, acompanhar, quer na margem direita quer na margem esquerda", enfatizou o CODIS.
Carlos Luís Tavares disse ainda que a abertura no dique da margem direita do Mondego, que colapsou na tarde de sábado, tem "entre 50 a 100 metros".
"Aquilo que prevíamos veio a acontecer, com o colapso de uma das margens, felizmente foi a margem direita [em que a água do rio corre para os campos agrícolas] e não a margem esquerda, que envolveria muito mais gente [por estar mais perto de povoações, localizadas entre Coimbra e Montemor-o-Velho] ", declarou.
Ao longo da madrugada e manhã de hoje, o nível das águas no vale central do Mondego tem vindo gradualmente a subir, atingindo mais de um metro de altura num dos acessos à vila de Montemor-o-Velho - onde se situam as vias de acesso ao Centro Naútico e povoação de Alfarelos, e a nova ponte das Lavandeiras, estrutura que substituiu uma outra, destruídas nas cheias de 2001 - que, no final da noite de sábado, ainda estavam transitáveis, constatou a Lusa no local.
Carlos Luís Tavares frisou que, além da margem esquerda, a preocupação das autoridades debruça-se igualmente sobre a zona próxima a Montemor-o-Velho, na margem direita - onde a água passa, por um sistema de sifão, para o chamado rio Velho ou leito abandonado, por onde o Mondego corria antes das obras de regularização realizadas no final da década de 1970 - e onde se situa, igualmente, o leito periférico direito, que traz água das zonas a montante e corre paralelo à estrada nacional 111.
Presidente da Câmara de Montemor-o-Velho teme repetição das cheias de 2001
Nas cheias de 2001, a rotura dos diques do leito periférico direito destruiu a ponte das Lavandeiras e inundou a vila de Montemor-o-Velho e a povoação de Ereira.
Hoje, na conferência de imprensa realizada para fazer um ponto de situação, o presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, frisou que, com a diminuição do caudal do Mondego, "a pressão diminui" sobre as populações da margem esquerda, mas, na margem direita, as populações de Montemor-o-Velho e Ereira "têm de estar preparadas para uma cheia".