José Tribolet, professor universitário de Sistemas de Informação, aconselha cautela na adoção do voto eletrónico e admite que "eventuais falhas" no sistema derivam mais de problemas de organização e controlo do que de questões informáticas.
Em entrevista à agência Lusa, Tribolet afirmou que "as eventuais faltas de segurança num sistema de voto eletrónico derivam mais de questões da organização e de controlo da execução, do que propriamente tecnológicas".
O professor universitário é favorável a experiências-piloto, como a que vai acontecer em Évora nas europeias de 26 de maio, que devem ser feitas "com todo o cuidado, evidentemente".
Esses testes podem ajudar para, progressivamente, "criar mentalidade", a aprender "qual é o tipo de organização e de procedimentos adequados" na cultura política e democrática.
Quanto a vir a ser um sistema seguro, José Tribolet é da opinião que será "dentro dos limites da capacidade de segurança" que for possível reforçar.
E, realçou, não será no voto eletrónico que "está uma debilidade do sistema democrático".
"É muito mais o ambiente todo que se cria" para as pessoas irem votar, "a manipulação que fazem. Isso sim é que é inseguro, não é no momento de votar", acrescentou.
É preciso "reforçar até informaticamente a confiança nos resultados, introduzindo alguma redundância no sistema de votação".
Não se trata de votar duas vezes, mas sim outra forma de o fazer, "de conseguir pontos de controlo e cruzamento de informação que garantem que, a haver desvios, eles não são massivos, são coisas localizadas".
Até porque, sublinhou, "em todas as votações em papel houve problemas com os extratos que mandam, com os resultados", com casos em que "os votos das mesas que não batem certo com reportes" enviados antes.
Lusa