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Plástico reciclado com químicos perigosos em brinquedos à venda em Portugal

Brinquedos e acessórios de cozinha e de cabelo feitos com plástico reciclado à venda em Portugal estão contaminados com substâncias tóxicas, alertou hoje a ZERO. A associação ambientalista alerta ainda para os retardadores de chama bromados que estão entre as substâncias mais tóxicas conhecidas e que "apenas a União Europeia e cinco países no mundo" admitem isenções para materiais reciclados que as contenham.

Um boneco de plástico e umas algemas de plástico expostos numa conferência nos EUA para ilustrar os brinquedos que contêm plásticos tóxicos.
Molly Riley

Portugal em 1º entre 18 países europeus (por maus motivos)

Uma guitarra de brincar analisada em Portugal apresentou, entre mais de 400 amostras, o valor mais alto de éteres difenílicos polibromados, substâncias usadas como retardadores de chamas, refere em comunicado a ZERO, que participou no estudo, que abrangeu 18 países europeus.

1 em cada 4 produtos analisado continua tóxicos

Em 430 artigos analisado no total, cerca de um quarto continha químicos perigosos, indica a associação, que pede o fim do duplo critério da União Europeia que "permite que os plásticos reciclados possam conter concentrações mais elevadas de substâncias tóxicas do que os materiais virgens".

A ZERO enviou para análise dois brinquedos e três acessórios de cabelo e todas as amostras tinham químicos tóxicos usados como retardadores de chamas associados aos resíduos eletrónicos, que "estão a chegar ao mercado português em produtos de consumo que incorporam material reciclado".

Se os produtos analisados em Portugal fossem feitos de plástico virgem, dois deles não respeitariam a legislação europeia para a concentração de químicos nesse material.

Os retardadores de chamas bromados afetam a função da tiroide e "causam problemas neurológicos e défice de atenção em crianças", afirma a ZERO, acrescentando que costumam encontrar-se em resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos.

"Estão a contaminar produtos de consumo um pouco por toda a Europa através da reciclagem dos plásticos neles usados. É urgente que a UE legisle no sentido de proteger os cidadãos e promover uma economia circular não-tóxica", defende associação.

A Zero diz ainda que os retardadores de chama bromados estão entre as substâncias mais tóxicas conhecidas e que "apenas a União Europeia e cinco países no mundo" admitem isenções para materiais reciclados que as contenham.

Com Lusa

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