País

108.º aniversário da Implantação da República

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai discursar hoje nas comemorações do 108.º aniversário da Implantação da República, data que tem aproveitado para se dirigir aos políticos, com alertas sobre a saúde da democracia.

ANT\303\223NIO COTRIM

No discurso da cerimónia da Implantação da República. Marcelo pediu para que, com o voto, se dê vida à "celebração (da democracia) para que o seu sentido seja cada vez menos evocação protocolar e cada vez mais expressão de designio nacinal".


Na cerimónia do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso de sete minutos e meio, em que repetiu uma dúzia de vezes a palavra democracia e defendeu a necessidade de "protagonistas capazes de olhar para o médio e o longo prazo, ultrapassando o mero apelo dos sucessivos atos eleitorais", deixando um alerta: "Não há sucessos eternos nem revezes definitivos".

No discurso das cerimónias do 5 de outubro, em Lisboa, Fernando Medina abordou a inflação da habitação. O presidente da Câmara, considera que este problema está longe de ser apenas nacional.

O primeiro a discursar foi Fernando Mendina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Depois o chefe de Estado na presença do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

A bandeira nacional é hasteada na varanda do Salão Nobre dos Paços do Concelho, ao som do hino nacional e assim se dará início à sessão solene comemorativa do 108.º aniversário da Implantação da República.

Depois, o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas farão uma visita com honras militares ao navio-escola Sagres, acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e à tarde estará ainda num festival militar em Cascais.

O ano passado

Em 2017, o Dia da República foi celebrado no rescaldo das eleições autárquicas, realizadas quatro dias antes, em que o PS foi o partido mais votado e cujos resultados levaram Pedro Passos Coelho a anunciar o fim do seu ciclo na liderança do PSD.

O Presidente da República considerou que essas eleições deviam ser "encaradas com apreço, olhando às centenas de milhar de candidatos e à redução do nível de abstenção", e que "os portugueses entenderam a importância do seu envolvimento cívico, bem como a urgência de começar a inverter um sintoma de aparente desinteresse pela coisa pública".

A cerimónia do ano passado aconteceu pouco mais de três meses depois dos incêndios mortais de junho e do caso do desaparecimento de material militar do paiol nacional de Tancos, no distrito de Santarém.Marcelo Rebelo de Sousa estruturou a sua intervenção em torno do conceito de "democracia política, económica, social e cultural" que está consagrada "na letra da Constituição" e a que deve corresponder "na realidade dos factos" a República Portuguesa proclamada em 1910.

Sem falar de nenhum caso em concreto, o Presidente deixou recados sobre a justiça, a segurança interna e as Forças Armadas e apelou a que se tenha a coragem de, a cada ano, fazer um "exercício de humildade cívica", realçando "o que correu bem, ou muito bem", mas reconhecendo ao mesmo tempo "o que correu mal, ou mesmo muito mal".

Três anos sem feriado

O 05 de Outubro voltou a ser feriado nacional em 2016 - tinha sido eliminado em 2013 pelo anterior Governo PSD/CDS-PP - e é uma das quatro datas anuais em que o chefe de Estado tem discursos protocolares, juntamente com o 25 de Abril, o 10 de Junho e Dia de Ano Novo.

Na cerimónia de há dois anos, a primeira em que discursou, Marcelo Rebelo de Sousa fez igualmente discurso curto, de sete minutos, com uma mensagem dirigida aos políticos.O Presidente da República interrogou "por que razão ainda tantas portuguesas e tantos portugueses desconfiam da política, dos políticos, das instituições, e escolhem a abstenção, o distanciamento crítico, o alheamento cético".

"O exemplo dos que exercem o poder é fundamental sempre para que o povo continue a acreditar no 05 de Outubro", afirmou, advertindo para os efeitos sobre a democracia que ocorrem "de cada vez que um responsável público se deslumbra com o poder, se acha o centro do mundo, se permite admitir dependências pessoais ou funcionais".

Últimas