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Mais de 40 diretores de serviço do Garcia de Orta denunciam falhas graves

São 42 os diretores de serviço do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que subscreveram um documento que revela situações graves na instituição, como o adiamento de cirurgias, consultas e exames por falta de profissionais e equipamentos ultrapassados.

O documento, a que a agência Lusa teve acesso, é subscrito por 42 diretores,  que representam a Comissão Médica do Hospital Garcia de Orta, e foi enviado  para o Ministério da Saúde, a Ordem dos Médicos, grupos parlamentares da  Assembleia da República, entre outros.  

Um dos subscritores do documento, que não quis ser identificado, revelou  as suas apreensões, considerando que a qualidade do serviço está ameaçada. 
  
Este médico, e diretor de serviço, adiantou que a falta de pessoal já  levou à paralisação de blocos operatórios, nomeadamente por carência de  especialistas.  
  
O médico lamentou que o Hospital Garcia de Orta, que atende toda a região  do sul de Portugal, não seja tratado da mesma forma do que outros hospitais  em Lisboa, reconhecendo que a instituição não tem a mesma força do que o  Hospital de São João, no Porto, cujas reivindicações -- algumas das quais  comuns aos dois hospitais -- foram cumpridas após ameaça de demissão dos  diretores de serviço.  
  
O clínico disse que, para já, não está decidida uma demissão em bloco,  mas garante que estão a ser ponderadas medidas mais duras.  
  
No documento que seguiu para Paulo Macedo, a que a Lusa teve acesso,  os médicos referem que "a saída de muitos médicos e enfermeiros do hospital,  o impedimento da ação gestionária do Conselho de Administração e das estruturas  intermédias de gestão do hospital, por via da centralização administrativa,  no que concerne a políticas de recursos humanos e compras, afetará gravemente  a prossecução da missão do Hospital Garcia de Orta e da sua atividade assistencial". 
  
"Não nos assiste outro objetivo se não o de chamar a atenção aos órgãos  da tutela, para a degradação, em termos de recursos humanos, que esta unidade  hospitalar, mercê de causas internas e externas, tem vindo a sofrer, na  esperança de que da análise do mesmo resultem recomendações que possam contribuir,  para a melhoria da equidade e acesso a cuidados de saúde com qualidade no  nosso hospital em particular e na Península de Setúbal, em geral", prossegue  a Comissão.  
  
Outra preocupação destes chefes de serviço -- entre os quais a ex-ministra  da Saúde Ana Jorge -- prende-se com o estado dos equipamentos médicos, "em  muitos casos completamente obsolescentes e com necessidade de substituição  ou modernização urgente".  
  
"Existem casos gritantes, como o da pediatria médica, com incubadoras,  ventiladores mecânicos e monitores com 20 anos de uso, que pese embora ainda  funcionantes, têm taxas de operacionalidade que comprometem a qualidade  dos cuidados prestados", refere a comissão no documento.  
  
Também nos cuidados intensivos de adultos há dificuldades, com "camas  de 20 anos de uso, completamente inadequadas às necessidades atuais daquele  tipo de doentes em termos de posicionamento ideal, não só pondo em causa  a qualidade de assistência prestada como condicionando igualmente um elevado  índice de lesões músculo-esqueléticas dos seus profissionais de enfermagem  e assistentes operacionais".  
  
Lusa

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