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Conselho dos Politécnicos reclama demissão do ministro da Educação

O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores  Politécnicos (CCISP) reclamou hoje a demissão do ministro da Educação e  Ciência, considerando que a atuação de Nuno Crato pode "condicionar gravemente"  o desenvolvimento do ensino superior. 

O ministro da Educação, Nuno Crato. (Lusa/Arquivo)
JOÃO RELVAS

Em carta aberta dirigida hoje ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho,  o CCISP considera que "não existem condições de confiança" para o ministro  da Educação e Ciência "continuar a tutelar o ensino superior". 

Na origem da carta estão declarações de Nuno Crato, na quarta-feira,  à RTP1, em que afirmou que o sistema de formação de professores "tem várias  falhas", como a preparação dos candidatos "à entrada para os cursos de habilitação  à docência". 

O ministro também levantou dúvidas quanto à preparação à saída do curso,  sobretudo nos casos em que as licenciaturas não foram obtidas em universidades.

Na carta a Passos Coelho, o CCISP defende que o titular da pasta da  Educação "colocou em causa, de modo explícito, e sem qualquer fundamento  factual, a formação ministrada nas escolas superiores de educação, vincando  uma diferenciação depreciadora entre a qualidade de formação ministrada  nestas instituições e a formação dada nas universidades". 

Para o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos,  trata-se de um "incidente da máxima gravidade, com impacto profundo na imagem  social das instituições, dos seus profissionais, estudantes e diplomados".

No ofício, o CCISP entende que "a postura assumida pelo ministro pode  condicionar gravemente o futuro do desenvolvimento e da consolidação do  sistema de ensino superior português".  

Segundo os politécnicos, as declarações do ministro à RTP1 "desautorizam"  e "descredibilizam" a atividade da A3ES - Agência de Avaliação e Acreditação  do Ensino Superior, "entidade criada pelo Estado em 2007 e cuja missão é  precisamente garantir a qualidade dos cursos do ensino superior". 

O CCISP acorre em defesa das escolas superiores de educação, apontando  que o seu "potencial" e "desempenho" tem "sido sublinhado por todas as avaliações  externas realizadas pelas organizações mais prestigiadas internacionalmente,  como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e a Associação  das Universidades Europeias". 

O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos queixa-se,  ainda, das "afirmações depreciativas", por parte do ministro, sobre o ensino  superior politécnico e o "papel que este tem desempenhado, e poderá desempenhar,  na qualificação da população portuguesa, na modernização do tecido produtivo  nacional e no desenvolvimento das regiões". 

Já na quinta-feira, o presidente do CCISP, Joaquim Mourato, tinha lamentado  à Lusa as declarações de Nuno Crato, considerando que revelavam uma "grande  desconfiança" na Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior,  que exerce um "trabalho de elevadíssima credibilidade". 

 

Lusa

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