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Trabalhadores dos Estaleiros vão à porta do primeiro-ministro pedir suspensão do encerramento 

Cerca de 2.500 pessoas saíram hoje  às ruas de Viana do Castelo em defesa dos estaleiros navais do concelho,  reclamando a suspensão do processo de subconcessão, pretensão que será levada  à residência oficial do primeiro-ministro na quarta-feira. 

"Como é que o senhor primeiro-ministro está preocupado com o desemprego,  quando tem alguém na sua equipa  1/8ministro da Defesa 3/8 que só quer fazer um  despedimento colectivo. Nós não queremos indemnizações, queremos trabalho",  afirmou o porta-voz da comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de  Viana do Castelo (ENVC), António Costa. 

A deslocação dos trabalhadores da empresa a Lisboa, hoje anunciada para  18 de dezembro, pretende reclamar a suspensão do processo de subconcessão,  acompanhado do encerramento dos ENVC e a avocação do dossiê por Pedro Passos  Coelho. 

"Queremos trabalho, não queremos desemprego. Vamos dizer isso ao senhor  primeiro-ministro", disse António Costa, no discurso realizado na Praça  da República, no final de uma manifestação pelas ruas da cidade de Viana  do Castelo que envolveu atuais e antigos trabalhadores dos estaleiros, familiares  e empresários, além de centenas de populares. 

"O senhor primeiro-ministro tem uma solução: tirar o processo das mãos  do ministro da Defesa, que não está bem. Está muito intranquilo e com falta  de transparência neste processo", afirmou António Costa. 

O porta-voz dos trabalhadores admitiu que a empresa, fruto da "incompetência"  de sucessivas administrações, tornou-se "nos últimos anos" num "navio à  deriva", até ao cenário atual de encerramento, apelando novamente à intervenção  do presidente da República. 

"Senhor doutor Cavaco Silva pronuncie-se sobre este crime social que  estão a querer cometer sobre os ENVC", desafiou o porta-voz da comissão  de trabalhadores. 

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que também participou na  manifestação de hoje, apelou ao "esclarecimento" dos "negócios" que envolvem  a entrega da subconcessão ao grupo Martifer, através de uma comissão parlamentar.

"Na nossa opinião é que há mesmo gato escondido com rabo de fora", afirmou  o líder da intersindical, acusando o Governo de "enterrar o interesse nacional"  com o encerramento dos estaleiros. 

"Hoje, esta é uma Luta nacional, de todos os que vivem e trabalham em  Portugal, pela defesa da indústria naval, do sector produtivo, do emprego",  garantiu, desafiando os 609 trabalhadores a manterem a empresa viva. 

Esta foi a sétima vez que, desde junho de 2011, população e trabalhadores  dos ENVC saíram à rua em defesa da viabilização da empresa pública. 

O grupo Martifer anunciou que vai assumir em janeiro a subconcessão  dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos ENVC, pagando ao Estado  uma renda anual de 415 mil euros, até 2031, conforme concurso público internacional  que venceu. 

A nova empresa West Sea deverá recrutar 400 dos atuais 609 trabalhadores,  que estão a ser convidados a aderir a um plano de rescisões amigáveis, que  vai custar 30,1 milhões de euros.  

 

     

Lusa

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