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Jerónimo pede a Passos para deixar "lamúrias" e "falar verdade"

O secretário-geral do PCP insistiu hoje para o primeiro-ministro do Governo maioritário PSD/CDS-PP colocar de parte as "lamúrias" e "falar verdade" aos portugueses sobre futuros cortes na despesa do Estado.

TIAGO PETINGA

"Tendo em conta as eleições de dia 29 (autárquicas), (o Governo) não  concretiza qual é o mal que vai fazer aos reformados e pensionistas, se  é corte, se é taxa. Vai fazer um novo assalto às reformas e pensões. O que  entende desse guião do FMI que pretende uma nova ofensiva no plano laboral",  lamentou Jerónimo de Sousa. 

O líder comunista acusou mesmo Passos Coelho de não estar a "falar verdade",  ficando-se por "meia-verdade". 

"Não tem de se queixar. Deixe-se de lamúrias e diga a verdade ao povo  português", exortou o líder comunista, na Festa do "Avante!", no Seixal.

Para Jerónimo de Sousa, trata-se de "um Governo que ultimamente vem  anunciando que se inverteu a crise, a recessão, o número de desempregados,  sabendo que são meros sinais que resultam de uma conjuntura", exemplificando  com o caso de números dados como positivos em termos de evolução económica,  no caso das exportações, uma vez que "junho teve 19 dias úteis e julho teve  23... e o país continua em recessão". 

O líder do PSD acusou hoje a oposição de "esperteza saloia" numa tentativa  de ganhar votos e criticou mesmo o PS por marcar a reabertura parlamentar  com a exigência de baixa de impostos, afirmando haver boas razões para que  alguns analistas de mercado pensem que "volta o desatino e a insustentabilidade"  no dia em que a 'troika' sair de Portugal. 

Relativamente a nova decisão do Tribunal Constitucional favorável à  elegibilidade de candidatos autárquicos com mais de três mandatos, no caso  de freguesias agregadas, o secretário-geral comunista rejeitou qualquer  necessidade de legislação sobre o assunto. 

"Não consideramos necessária qualquer clarificação. Desde sempre rejeitámos  e há as decisões do TC que correspondem a esse sentido de fazer prevalecer  o direito fundamental em vez da restrição. A melhor forma de julgar a obra  não é por decreto, mas pelo voto das populações", afirmou, criticando, sobretudo  o BE pelas iniciativas de impugnação, com intuitos "reacionários, protofascistas".

Para o PCP, o objetivo para as eleições autárquicas, "sem traçar metas  concretas, é obter mais mandatos e mais votos", com a "honestidade", "trabalho"  e "competência" da CDU, que congrega ainda "Verdes" e Intervenção Democrática

Ao todo, a CDU concorre em 301 dos 308 municípios, no Continente, Madeira  e 12 dos 19 açorianos, estando presente em 2.459 freguesias, mais 186 do  que em 2009. 

Jerónimo de Sousa reforçou ainda que "mais de 35 por cento de candidatos  são independentes" das forças políticas que constituem a CDU. 

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