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MP pede a juiz de instrução para pronunciar Mário Lino por falsas declarações no âmbito do processo "Face Oculta"

O Ministério Público (MP) manteve hoje, em debate instrutório, a acusação contra o ex-ministro Mário Lino, defendendo que o arguido deve ser julgado por um crime de falsidade de testemunho no âmbito do processo "Face Oculta". 

lUSA
PAULO NOVAIS

Em causa estão as declarações prestadas por Mário Lino, enquanto testemunha,  nas várias fases processuais do processo "Face Oculta", que tem como arguidos  personalidades como Armando Vara, ex-administrador do BCP, e José Penedos,  ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais), e o seu filho Paulo  Penedos. 

No debate instrutório do caso, que decorreu esta segunda-feira no Juízo  de Instrução Criminal (JIC) de Aveiro, o procurador do MP afirmou que as  "contradições e discrepâncias são manifestas e estão suficientemente indiciadas  na prova indicada na acusação". 

Segundo o MP, o arguido "prestou depoimentos com discrepâncias e absolutamente  contraditórios", quanto à data em que esteve reunido com Manuel Godinho,  o principal arguido no processo, assim como quanto aos conteúdos das conversas  e contactos com o sucateiro. 

Outra das discrepâncias encontradas pelo MP tem a ver com o número de  contactos que Mário Lino disse ter tido com o ex-presidente da Refer Luís  Pardal e que não será coincidente com o depoimento prestado por este último.

"O arguido sempre referiu ter uma boa memória, pelo que muito menos  se compreende todos estes lapsos", sublinhou o procurador titular do processo.

Por seu lado, a defesa de Mário Lino pediu que o seu cliente não fosse  pronunciado, argumentando não haver falsidade de depoimento. 

A advogada Marisa Falcão, que defende o antigo governante, disse ter  "alguma dificuldade em perceber em que constam estas manifestas discrepâncias  e contradições" e questionou "porque é que o depoimento do engenheiro Luís  Pardal é que é o verdadeiro", referindo-se às eventuais contradições entre  os depoimentos do ex-presidente da Refer e de Mário Lino. 

A leitura da decisão instrutória ficou marcada para 22 de abril, no  JIC de Aveiro, com a presença obrigatória do arguido. 

O processo "Face Oculta" está relacionado com uma alegada rede de corrupção  que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro  Manuel Godinho, nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado  e privadas. 

 

Lusa

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