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PSD desafiou os partidos a condenarem o "ataque à democracia"

O líder parlamentar do PSD desafiou hoje os  partidos a condenarem o "ataque à democracia" que considerou ser a manifestação  que levou a que Miguel Relvas não proferisse uma intervenção, mas nenhum  partido da oposição condenou expressamente o incidente. 

MARIO CRUZ

"O ataque à democracia está lá. Estando lá, é o momento dos democratas  se erguerem nesta casa, não para defenderem todos as mesmas ideias, mas  para defenderem todos a democracia. Neste Parlamento, o silêncio perante  esta afronta é resignação, é condescendência, pode até mesmo ser confundido  com concordância", afirmou o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro. 

"Condicionar a política e os políticos é condicionar a própria democracia  e instituições democráticas", sustentou Montenegro, que foi aplaudido de  pé pela bancada do PSD. 

Do lado da oposição, contudo, não chegou nenhuma condenação taxativa  ao incidente envolvendo o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares,  Miguel Relvas, que na terça-feira não proferiu uma intervenção que estava  prevista numa conferência numa universidade, depois de ter sido interrompido  por um protesto de estudantes. 

O presidente da bancada do PS, Carlos Zorrinho, respondeu: "Nós defendemos  a democracia, defendemos a liberdade de expressão, mas, convenhamos senhor  deputado, que o descontentamento geral criado no país pela falta de credibilidade  deste Governo não é saudável e não é bom para democracia".  

"Convenhamos, senhor deputado, que é a falta de credibilidade do Governo  a principal causa da crispação que hoje vivemos em Portugal. É a falta de  credibilidade do Governo a principal causa de crispação", acrescentou. 

Zorrinho concentrou-se depois no anúncio pelo ministro das Finanças  de que iria rever em baixa as projeções macroeconómicas para 2013, considerando  que "sendo ainda fevereiro, o Orçamento do Estado já não é um orçamento  válido, e isso não é bom para a democracia".  

O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, considerou "muito exagerado  dizer que está em causa a democracia e a liberdade de expressão", aconselhando  o líder parlamentar do PSD a introduzir "serenidade" e não a "acicatar os  ânimos". 

Para o PCP, Miguel Relvas foi "à procura dos acontecimentos", argumentando  que o ministro já disse, no passado, e "no pleno exercício da sua liberdade  de expressão, aos jovens para saírem da sua zona de conforto e emigrarem"  e que "ele, e logo ele, vai para uma universidade discursar". 

A deputada do BE Cecília Honório acusou o PSD de viver mal com a liberdade  de expressão, não aguentando "ouvir a palavra dos jovens cada vez mais esmagados  pelas propinas, pela falta de ação social escolar". 

"O senhor deputado quis fazer de um ministro que é conhecido por mentir  ao Parlamento ou ter atitudes persecutórias relativamente a meios de comunicação  social um arauto da liberdade de expressão", defendeu. 

O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, defendeu que "em democracia  o direito de falar é absoluto mas não tão absoluto que iniba o direito de  outros a falar" e disse subscrever as opiniões de personalidades como Augusto  Santos Silva e António Barreto, que condenaram os incidentes. 

"Os que hoje procuram aproveitamento político podem no futuro ser as  próximas vítimas", disse. 

Lusa

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