O nó da gravata, impecável, a gravata lisa, como quase sempre - dizem os estudiosos da moda, do comportamento e das duas coisas juntas que a gravata lisa representa falta de personalidade o que, manifestamente, não parece ser o caso - a camisa branca com colarinhos "à Obama", o fato cinzento escuro, tudo impecável, a mesma pose de sempre, peito para fora, aquele jeito de andar, direito, e a profunda impaciência, até algum despudor e sobranceria.
A narrativa - a palavra reentrou no vocabulário político muito por causa dele - vinha bem estudada, sem atropelos, a mensagem era aquela e mais nenhuma, fosse qual fosse a pergunta, a resposta seria sempre a mesma.
A entrada foi, como sempre, pensada ao detalhe: diante de um molho de perguntas, nada de responder, apenas parar para passar a mensagem que se quer e depois agradecer e seguir, sempre com os tiques de «antigamente»:
- "Importa-se de me deixar terminar?"
Nova pergunta, outro tema, a mesma resposta, a mesma irritação, o mesmo enfado.
Lá dentro, com imagem para fora mas sem som, a postura de sempre, afirmativa, combativa, irada, colérica, de quem não quer sequer disfarçar o que está a pensar, o ar de espanto, indignação, a irritação de sempre, o discurso articulado.
Ele não mudou nada.
Se pegarmos em entrevistas e dabetes do "antigamente", está lá a mesma postura, a mesma sobranceria, a mesma certeza, o mesmo despudor.
À saída, outra narrativa, a da «mesquinhez», as respostas iradas, coléricas:
-"Importa-se de não me gritar ao ouvido? não lhe vou responder!"
E lá seguiu, peito para fora, o andar de sempre, camisa impecável, gravata lisa, coerente no que sempre foi, a agir como sempre fez.
O animal feroz está de volta.
E voltou na mesma.