Em dois anos, o escritor britânico mudou o estilo de vida: abandonou os maus hábitos alimentares e acorda mais cedo para ir ao ginásio. Mesmo quando viaja, como agora, para a apresentação da Trilogia do Século, não dispensa as máquinas dos ginásios de hotel. Foi assim em Washington e assim foi em São Paulo, no Brasil, onde participou na Bienal do Livro para falar da obra "No Limiar da Eternidade".
Nos Estados Unidos, Ken Follett fez-se acompanhar da mulher e de um dos filhos, Emanuele Follett. A família coordena os destinos do autor no The Follett Office, com sede em Stevenage, a cerca de meia hora de Londres, Inglaterra. Mais de 150 milhões de exemplares vendidos justificam o empenho e a forma profissional de gerir a carreira literária.
Ken Follett é cordial, amável e disponível. Sabe como comportar-se perante os jornalistas. Aliás, começou a carreira nos jornais até decidir escrever o primeiro livro, na altura sob pseudónimo. Aos 65 anos não lhe falta energia para calcorrear os pontos de Washington que servem de cenário às histórias vividas por algumas das personagens de "No limiar da eternidade". Atento ao que o rodeia, vem ter comigo na visita ao Capitólio para me falar de Rosa Parks e alertar-me para a estátua que a representa: "Repare como é a única que tem uma postura simples". Rosa Parks ali está, mala de senhora na mão, sentada num pedestal que só o foi para o escultor.
A figura de uma mulher negra, chapéu na cabeça, vestes de lã representadas em bronze. Um dia, ia no autocarro sentada naquele que seria um lugar proibido para os negros. Quando a mandaram sair, para ceder o lugar a um branco, Rosa Parks recusou. A atitude, resoluta, serviu de exemplo para outros, num tempo de luta pela igualdade também espelhado no livro de Ken Follett.
De gargalhada fácil, acentuado humor britânico, Follett é o centro das atenções sem ser demasiado óbvio e, muito menos, espalhafatoso. Falámos sobre os tempos de crise na Europa, quis saber sobre Portugal e sobre o 25 de abril. O escritor que optou pelo romance histórico não perde uma oportunidade para conhecer o mundo.