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Ataque de 7 de outubro em Israel: sobrevivente divulga imagens do festival onde morreram mais de 350 pessoas

O dia 7 de outubro de 2023 marcou o início da escalada de tensões entre Israel e o Hamas, depois de o grupo militar pró-Palestina ter atingido vários alvos, incluindo o festival de música, onde centenas de pessoas morreram. As imagens de Shye Klein, que trabalha num projeto com outros sobreviventes, mostra a reação dos festivaleiros ao início do lançamento dos primeiros 'rockets'.

Gabriel Mota Figueiredo

Ana Isabel Pinto

Há um ano, milhares de festivaleiros divertiam-se num festival de música eletrónica, em Israel, junto à fronteira com a Faixa de Gaza, quando combatentes do Hamas começaram a disparar indiscriminadamente contra os presentes. Shye Klein é um dos sobreviventes e está a desenvolver um projeto destinado àqueles que também conseguiram escapar com vida.

Shye Klein é umas das cerca de 3.500 pessoas que se encontravam no festival de música eletrónica em que morreram 364 pessoas, em Israel, a 7 de outubro de 2023.

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O fotógrafo israelita e canadiano está agora a reunir vários festivaleiros que escaparam com vida ao trágico festival de forma a produzir um álbum fotográfico com o intuito de lhes devolver "a sua identidade":

"A forma como se fala de nós a nível internacional, no estrangeiro, nas redes sociais e nas notícias, é um pouco desumanizante, como se fôssemos apenas produtos ou coisas e não houvesse identidade para cada uma destas 3.500 pessoas que ainda estão vivas, para além de serem sobreviventes (...) Eu sou o Shye, que é fotógrafo há dez anos e é essa a minha identidade, como fotógrafo, não apenas como sobrevivente da Nova (festival). Por isso, quando as pessoas me apresentam, peço para ser apresentado como um fotógrafo que sobreviveu à Nova, porque não é só isso que eu sou. Não é tudo o que tenho para oferecer e não é a única coisa que todas estas pessoas têm para oferecer. Todos eles têm os seus próprios interesses, vidas, passatempos, amigos, família, empregos, carreiras e coisas que os tornam quem são, não apenas esta coisa que lhes aconteceu", conta à Agência Reuters.

Após o evento que mudou a vida de milhares de pessoas, o fotógrafo israelita decidiu mostrar as imagens que capturou no dia 7 de outubro antes, durante e após o sangrento tiroteio.

Nas imagens, partilhadas pela Reuters, é possível ver o momento em que, ao início da manhã de dia 7 de outubro do ano passado, as pessoas que estavam no festival se aperceberam do lançamento dos primeiros 'rockets'.

Nessa altura, os sorrisos ainda estavam estampados nas caras daqueles que não imaginavam o que viriam a enfrentar horas mais tarde.

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As fotografias e os vídeos da sua autoria mostram também a fuga apressada de vários festivaleiros que tentavam deixar o espaço do festival o mais rápido possível, bem como o momento em que o próprio e os amigos deixaram, apressadamente, o espaço.

"Foi como ver um filme. Só me lembro do que estava a ver através da lente da minha câmara. A minha câmara esteve a maior parte do tempo virada para a minha cara, no dia 7. A única altura em que não estava a olhar para a minha câmara foi quando estava conduzir com os meus amigos para fora do festival e quando estávamos a correr nos campos. Essa foi a única altura em que não estava a tirar fotografias, mas tudo o que eu estava a olhar e a ver, o fogo, os corpos, tinha de olhar para eles e, de cada vez que olhava para eles, perguntava a mim próprio: será que estou mesmo a ver o que estou a ver?", questiona.

O dia 7 de outubro marcou o início de um novo capítulo na história de violência e tensão entre Israel e o grupo militar pró-Palestina, Hamas.

O ataque sem precedentes atingiu outros alvos além do festival e causou um total de 1.189 mortos, a maioria civis, homens, mulheres e crianças de todas as idades.

Desde então, as agressões mútuas têm sido constantes e parecem não ter à fim à vista.

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