Olhares pelo Mundo

Aldeia submersa há 45 anos para a criação de um lago na Grécia reaparece devido à seca

A aldeia de Kallio deu lugar ao lago artificial Mornos, há décadas, para responder às necessidades de água na região da Ática. As primeiras ruínas começaram a aparecer há um mês e meio, mas a situação piora de dia para dia. As autoridades gregas pedem que os habitantes não desperdicem água.

Rita Rogado

Ana Isabel Pinto

Uma aldeia submersa há 45 anos, na Grécia, está a reaparecer devido à seca. A aldeia de Kallio foi inundada para a criação de um lago para satisfazer as necessidades de água na zona da capital grega. É a segunda vez que emerge desde que ficou submersa. O autarca de Dorida alerta que a situação pode piorar e diz estar preocupado porque o lago fornece água a quase metade da população do país.

Há um mês e meio começaram a aparecer as primeiras casas, mas o nível da água do lago desce de dia para dia. Ruínas e uma paisagem árida e lamacenta é o que se vê no local da aldeia submersa de Kallio, que há décadas deu lugar ao lago Mornos.

A aldeia ficou submersa no final da década de 1970 para a criação de um lago que satisfizesse as crescentes necessidades de água na capital da Grécia, que fica a cerca de 200 quilómetros. E assim foi. O lago artificial Mornos abastece quase metade da população grega. Contudo, desdeu agora ao nível mais baixo das últimas décadas, fazendo com que a aldeia e Kallio reaparecesse pela segunda vez desde que ficou submersa.

"Começou no início deste verão, embora não tão severamente. Com o passar do tempo, o lago começou a recuar, expondo as ruínas, que são visíveis das montanhas ao redor. O nível da água baixa dia após dia. No último mês e meio, as primeiras casas da aldeia submersa Kallio começaram a reaparecer. Esta aldeia foi afundada para criar uma infraestrutura massiva, conhecida como lago artificial Mornos", explica o presidente da Câmara de Dorida, Dimitris Giannopoulos.

A superfície do lago diminuiu de 16,8 km2 em 2022 para 12,0 km2 em 2024, de acordo com imagens de satélite divulgadas pelo Observatório Nacional da Grécia.

De acordo com especialistas, a capacidade de água foi afetada por condições meteorológicas extremas impulsionadas por efeitos das alterações climáticas. O inverno passado foi o mais quente na Grécia desde que há registo. O verão foi de ondas de calor em grande parte do país.

"O que me preocupa muito é que, se não tivermos chuva e neve, a situação vai piorar. Esta situação foi causada pela falta de neve, muito pouca chuva e temperaturas altas. Se continuar assim, o problema vai piorar", diz o autarca Dimitris Giannopoulos.

A empresa estatal de água de Atenas EYDAP já começou a abastecer a rede com fontes adicionais de água.

Na Europa, um dos países mais afetados pela seca continua a ser a Grécia. Há três anos que a população do Norte do país enfrenta os efeitos. Em algumas localidades, os cortes de água chegam a durar cinco dias.

A região da Ática, que rodeia Atenas, tem cerca de 4 milhões de habitantes. As autoridades gregas pedem que os habitantes não desperdicem água.

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