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Kim Jong-un disposto a dialogar com EUA se desistirem da "obsessão delirante pela desnuclearização"

A Coreia do Sul expressou a disposição em apoiar um eventual diálogo entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, no entanto, deixou claro que o compromisso com a desnuclearização da península é para manter.

Lusa

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, declarou-se disposto a retomar o diálogo com os Estados Unidos se estes deixarem de exigir que Pyongyang abandone o programa de armas nucleares, noticiaram, esta segunda-feira, os meios de comunicação oficiais norte-coreanos.

"Se os Estados Unidos abandonarem a sua obsessão delirante pela desnuclearização e, reconhecendo a realidade, desejarem verdadeiramente coexistir pacificamente connosco, então não há razão para que não possamos sentar-nos à mesa com eles", afirmou Kim, segundo a agência de notícias estatal KCNA.
"Tenho boas recordações do atual Presidente norte-americano, Donald Trump", acrescentou.

A Coreia do Norte realizou seis testes nucleares entre 2006 e 2017 e, desde então, continuou a desenvolver o seu arsenal, apesar das pesadas sanções internacionais.

Pyongyang justifica o seu programa nuclear militar com as ameaças de que afirma ser alvo por parte dos Estados Unidos e dos seus aliados, entre os quais a Coreia do Sul.

Em janeiro, Kim Jong-un afirmou que tal programa prosseguiria "indefinidamente".

Donald Trump, que teve uma rara série de encontros com Kim Jong-un durante o seu primeiro mandato na Casa Branca (2017-2021), mostrou-se disposto, desde que regressou ao poder, em janeiro deste ano, a retomar o contacto com o líder norte-coreano, a quem descreveu como "um tipo inteligente".

Os dois homens reuniram-se pela primeira vez numa cimeira histórica em junho de 2018, em Singapura; pela segunda vez em Hanói, no Vietname, em fevereiro de 2019; e, pela última vez, na fronteira entre as duas Coreias, em junho de 2019.

Tais encontros não resultaram em qualquer avanço em relação a uma possível desnuclearização da Coreia do Norte.

Seul apoia diálogo, mas mantém objetivo de desnuclearização

A Coreia do Sul expressou, esta segunda-feira, a disposição em apoiar um eventual diálogo entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, reiterando embora o compromisso com a desnuclearização da península.

"O Governo continuará a apoiar o diálogo entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte e continuará a trabalhar por uma península sem armas nucleares e em paz", disse um funcionário do gabinete presidencial à agência de notícias local Yonhap, sob condição de anonimato.

Embora seja improvável que Kim Jong-un viaje para a Coreia do Sul, os líderes poderão encontrar-se na Zona Desmilitarizada (DMZ) que divide as duas Coreias, tal como fizeram em 2019, durante o primeiro mandato de Trump.

Por outro lado, o Ministério da Unificação sul-coreano disse que não busca hostilidades com a Coreia do Norte.

"O Governo da Coreia do Sul reafirma o seu respeito pelo regime norte-coreano, não procurará qualquer forma de unificação por absorção nem participará em qualquer ato hostil", afirmou o porta-voz daquele ministério, Koo Byoung-sam.

No seu discurso, Kim Jong-un descartou qualquer interação com Seul e classificou a unificação das duas Coreias como "desnecessária", apesar dos gestos de reconciliação do governo do Presidente sul-coreano, Lee Jae-myung.

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