Pelo menos 216 pessoas foram detidas e 95 polícias ficaram feridos durante confrontos no domingo entre manifestantes e as forças de segurança em Manila, informou esta segunda-feira uma fonte oficial.
"Foram detidos 216 indivíduos, entre eles 127 adultos e 89 menores", anunciou em conferência de imprensa o secretário do Departamento do Interior, Jonvic Remulla, acrescentando que "enquanto 95 agentes da polícia ficaram feridos, alguns gravemente".
Os confrontos ocorreram quando uma das manifestações realizadas no domingo na capital, no histórico parque Luneta, e que contou com a participação de cerca de 49.000 pessoas, segundo dados oficiais, tentou avançar em direção ao palácio presidencial de Malacañang.
Os manifestantes lançaram cocktails molotov contra um veículo que lhes bloqueava o caminho numa ponte, e posteriormente as forças de segurança recorreram ao uso de canhões de água para dispersar uma multidão que atirava pedras e outros objetos.
"Somente quando a multidão lançou cocktails molotov é que a polícia respondeu, ultrapassando os limites e colocando vidas em risco", justificou Remulla.
Os confrontos, iniciados durante a tarde, degeneraram em distúrbios até bem tarde da noite na avenida Recto, que leva ao palácio presidencial, onde um hotel foi vandalizado.
O presidente da organização de esquerda Bayan, Renato Reyes, afirmou que os responsáveis pela violência não estavam ligados ao grupo que convocou o protesto.
"Mas percebemos a raiva", disse Reyes, em comunicado, ele próprio ferido por uma pedra na zona dos distúrbios.
Remulla acusou os detidos durante os confrontos, muitos deles menores, de tentarem desencadear uma onda de protestos violentos semelhantes aos vividos recentemente na Indonésia e no Nepal.
Dezenas de milhares de filipinos mostraram no domingo o descontentamento com os casos de corrupção milionária em projetos de controlo de inundações, com políticos e empreiteiros sob investigação.
Supostamente concluídos, mas na realidade inexistentes ou de baixa qualidade, vários projetos "fantasma" terão causado prejuízos ao erário público na ordem dos 1,771 mil milhões de euros apenas nos últimos dois anos, afirmou recentemente o secretário das Finanças, Ralph Recto.
As Filipinas enfrentam cerca de vinte tufões por ano e, no ano passado, sofreram uma avalanche invulgar de seis tempestades tropicais consecutivas em menos de um mês, que causaram, pelo menos, 164 mortos.
As reivindicações anticorrupção provocaram, por enquanto, a demissão do presidente da Câmara dos Representantes, Martin Romualdez, enquanto o presidente do Senado, Francis Escudero, foi afastado na semana passada, após a divulgação de ligações com um dos grandes empreiteiros sob investigação.