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Vuelta: manifestantes que invadiram etapas apresentam queixa contra a polícia

Edição deste ano foi afetada praticamente desde o seu início pelos persistentes protestos pela Palestina, levando à alteração das chegadas previstas em duas etapas e ao cancelamento da última, no domingo.

Pablo Blazquez Dominguez

Lusa

A Izquierda Castellana apresentou esta terça-feira uma denúncia no tribunal de Valladolid contra "as cargas policiais e agressões" sofridas por vários manifestantes à margem da 18.ª etapa da Volta a Espanha em bicicleta.

A denúncia diz respeito ao passado 11 de setembro, quando a 18.ª etapa da Vuelta, um contrarrelógio individual, foi mais uma vez palco de protestos "contra o genocídio cometido sobre o povo palestiniano e a presença na corrida da equipa Israel-Premier Tech", pode ler-se na nota daquela organização.

Vuelta marcada por diversos protestos

A corrida foi afetada praticamente desde o seu início pelos persistentes protestos pela Palestina, levando à alteração das chegadas previstas em duas etapas e ao cancelamento da última, no domingo, em Madrid.

Em Valladolid, denuncia a Izquierda Castellana, foi utilizada "força desproporcional contra pessoas que pacificamente se solidarizavam com o povo palestiniano", na sequência da ofensiva militar de Israel em Gaza.

Pablo Blazquez Dominguez

Das centenas de manifestantes, o grupo mais numeroso concentrou-se na Praça da Universidade, onde vários destes militantes saltaram para o traçado da corrida antes da passagem de um ciclista da Israel-Premier Tech, tendo então sido alvo de carga policial por agentes à paisana.

"Dois foram detidos e um ficou inconsciente, depois de ser atirado por polícias contra as baias e sofrer um golpe de cabeça contra o solo. Exigimos uma investigação judicial sobre estas ocorrências", concluem.

No domingo, milhares de manifestantes invadiram o circuito final da 21.ª e última etapa da prova espanhola e 'travaram' o pelotão a 56 quilómetros da meta, em protesto contra a presença da equipa Israel-Premier Tech e solidários com a causa palestiniana.

Ana Beltran/Reuters

Duas pessoas foram detidas por desordem pública, após os incidentes, que causaram ferimentos a 22 polícias, com a 21.ª tirada da Vuelta a acabar por ser cancelada pela organização, assim como as cerimónias de pódio, numa ação já elogiada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e criticada pela oposição.

Desta forma, João Almeida (UAE Emirates) ficou privado de festejar oficialmente o segundo lugar na geral, atrás de Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), e o facto de ter igualado o melhor resultado de sempre de um português numa grande Volta, 'imitando' Joaquim Agostinho, que foi 'vice' na Vuelta em 1974.

Embora o dispositivo de segurança na capital espanhola fosse o maior de sempre num evento desportivo e o maior desde a cimeira da NATO, em 2022, ninguém conseguiu travar os manifestantes.

O Governo espanhol e a organização da prova sugeriram à equipa israelita que se retirasse da Vuelta, o que esta recusou fazer para não abrir um "precedente perigoso", e a União Ciclista Internacional (UCI), que em 2021 baniu equipas russas e 'retirou' a bandeira dos ciclistas daquela nacionalidade, condenou os incidentes, sem tomar qualquer decisão.

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