Tal como em Portugal, também Espanha vive uma crise de habitação. Milhares de pessoas manifestam-se, este sábado, conta a especulação imobiliária e o impacto do turismo na vida das cidades.
Um grafiti, onde está escrito que o turismo está a matar a cidade, está a reacender a discussão em Barcelona sobre o impacto que o setor tem na vida da capital da Catalunha. O artista que o pintou deixou bem claro o que pensa sobre os mais de 170 mil turistas que visitam Barcelona todos os dias. E são muitos os que na cidade vivem e partilham a mesma opinião.
“Para quem vive aqui, as infraestruturas não são tão adequadas como são para quem vem cá só fazer turismo. Quem vive aqui é penalizado pelos turistas”, aponta um morador.
“Temos uma crise. Todos os apartamentos que estão para arrendar destinam-se ao turismo e isso é um problema. Quando não são para o turismo, as rendas são para milionários”, reclama outra moradora.
O turismo representa cerca de 13,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade. Uma receita muito importante, mas que é, também um dos problemas que mais preocupam os mais de 1,6 milhões de habitantes de Barcelona.
Em março, depois de uma batalha judicial longa, a autarquia conseguiu que os tribunais aceitassem a entrada em vigor de novas regras para o alojamento local, que será proibido a partir de 2028. São mais de 10 mil casas e apartamentos que vão passar a estar disponíveis para serem habitados permanentemente. A esperança é que ajude a baixar os preços do mercado imobiliário.
Nos últimos cinco anos, o número de casas para arrendar em Barcelona caiu para mais de metade. O preço dos arrendamentos subiu 70% e o das vendas quase duplicou.
Um problema que também afeta várias outras cidades espanholas e que levou à convocação de um dia de protesto nacional, este sábado, com manifestações marcadas para diversas regiões do país, contra os preços elevados e a falta de casas.