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"A UE deve aproveitar esta ocasião para se afirmar como líder de um mundo de comércio livre no qual os EUA parecem não querer estar"

Ricardo Alexandre, jornalista da TSF e comentador da SIC, argumenta que o protecionismo de Trump marca uma mudança clara no comércio internacional, oferecendo à Europa a oportunidade de se afirmar como líder no livre-comércio.

Ricardo Alexandre

A União Europeia (UE) pretende dar uma resposta proporcional, legal e legítima às tarifas impostas pelos Estados Unidos. O protecionismo de Donald Trump marca uma viragem clara no comércio internacional e a Europa tem agora a oportunidade de se afirmar como líder num modelo de livre-comércio, diz Ricardo Alexandre.

“A União Europeia, segundo aquilo que Von der Leyen já disse, vai dar uma resposta que é proporcionada, que é legal, que é legítima. Quer aproveitar este momento para arrancar para um processo negocial, ou seja, que esta resposta possa ser o início de algo novo, de algo diferente, corrigindo algumas deficiências no comércio internacional que a própria União Europeia reconhece”.

Ricardo Alexandre sublinha que a UE não pode deixar de responder, mas também não deve ceder na sua legislação.

“Não pode desatar a alterar a legislação que foi democraticamente aprovada pelos Estados-Membros, logo pelos cidadãos europeus, só para contentar os Estados Unidos. Não deve alterar as questões de regulação, de defesa ambiental, de qualidade da segurança alimentar. Tudo isso a União Europeia deve manter. Deve responder de uma forma decisiva, ainda que ponderada, e deve também aproveitar esta ocasião para se afirmar como líder de um mundo de comércio livre no qual os Estados Unidos parecem não querer estar.”

Proteccionismo americano e impactos globais

O jornalista considera que os Estados Unidos deram um passo decisivo em direção ao proteccionismo.

“Ontem aconteceu uma viragem em termos de comércio internacional e os Estados Unidos adotaram como paradigma da sua orientação económica o proteccionismo de uma forma muito clara"

Quanto às consequências desta política, Ricardo Alexandre destaca que “tarifas encadeiam tarifas e o mais natural é que os consumidores americanos sintam o efeito dos preços a aumentar. Podemos entrar até numa espiral inflacionista novamente, levar as economias para uma recessão. Isto pode ter um impacto muito sério no comércio internacional”.

Rússia, Ucrânia e o acordo das terras raras

Olhando para a situação na Ucrânia e as negociações no Mar Negro, Ricardo Alexandre destaca a importância do encontro do chefe do Fundo Soberano Russo em Washington, nomeado muito recentemente também Conselheiro Especial para a Economia Internacional da Federação Russa.

"Portanto, é alguém que aparece legitimado para negociar, vai negociar com Steve Witkoff, para ser o novo interlocutor, mais do que Sergei Lavrov, mas para estar ao nível, digamos, de Steve Witkoff, é alguém indicado por Putin"

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