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Com França à "beira de um salto no desconhecido", esquerda e extrema-direita unem-se contra Michel Barnier

A crise política em França pode atingir um novo patamar. O Governo minoritário de Michel Barnier não conseguiu convencer as oposições a avançar com medidas de austeridade para equilibrar as contas públicas. A esquerda e a extrema-direita, que apresentaram moções de censura, podem fazer cair o executivo já amanhã.

Guilherme Monteiro

A imprensa francesa escreve que o país pode estar à beira de um salto no desconhecido. Michel Barnier, o primeiro-ministro que quer enfrentar o buraco nas contas públicas francesas, veio ao Parlamento deixar um último apelo.

"Os franceses pedem e esperam estabilidade", disse o primeiro-ministro no Parlamento francês.

Mas sabe que não tem maioria parlamentar para passar um orçamento de austeridade na Segurança Social, que iria até tirar poder de compra aos reformados.

"No âmbito do artigo 49.º, alínea 3, da Constituição, assumo a responsabilidade do Governo", acrescentou.

Quer isto dizer que Michel Barnier quis, esta segunda-feira, passar a lei por decreto sem o voto do Parlamento. Agora, o Governo vai enfrentar duas moções de censura, esta quarta-feira, uma delas da nacionalista Marine Le Pen, que irá votar a favor da moção da coligação de esquerda Nova Frente Popular.

Se os votos da extrema-direita e da esquerda se unirem na Assembleia, o governo de Michel Barnier, nomeado há apenas três meses, irá cair e tornar-se o mais curto da V República Francesa. Até ao verão não pode haver novas eleições legislativas, já que as últimas foram há cinco meses.

O presidente Emmanuel Macron terá de nomear um novo Governo, mas a Assembleia altamente divida faz temer um bloqueio institucional num pais onde o défice supera os 6% e o risco de crise financeira aumenta.

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