Um juiz norte-americano travou a execução da primeira pessoa a ser colocada no corredor da morte, nos EUA, por abanar mortalmente uma criança - síndrome do bebé abanado. A decisão do juiz foi tomada menos de duas horas antes de a pena capital ser aplicada, no estado do Texas.
Em 2003, Robert Robertson, atualmente com 57 anos, foi condenado pela morte da filha de dois anos depois de a autópsia ter confirmado que o bebé morreu devido a agressões.
Desde então, a defesa do arguido tem mantido a versão que a criança morreu por complicações derivadas da medicação para uma pneumonia.
Na quinta-feira, às 18:00 locais, a pena seria executada, mas, cerca de uma hora e meia antes, um juiz do condado de Travis emitiu um mandado de restrição temporário de modo que Robertson pudesse testemunhar numa audiência, que ocorrerá na próxima semana, noticia a BBC News.
Com esta decisão, o homem escapou, pelo menos por agora, à execução.
Esta decisão jurídica foi tomada depois da Câmara dos Representantes do Texas ter emitido uma intimação, na quarta-feira, para que Robertson pudesse comparecer numa audiência a 21 de outubro.
Um grupo de 86 legisladores texanos, composto por dezenas de peritos médicos e científicos, advogados e personalidades, como o autor de 'best-sellers' Josh Grisham, terem apelado ao perdão do condenado.
O coletivo disse que a condenação, há 21 anos, baseou-se em ciência que nos dias que correm é considerada desatualizada.
A defesa de Robertson argumentou também que o arguido, à data dos factos, ainda não tinha sido diagnosticado com autismo, algo que veio a acontecer mais tarde.
No entanto, o procurador-geral do Texas já apresentou um recurso contra a ordem de restrição temporária.
Homem garante que criança caiu da cama
De acordo com o testemunho de Robert Robertson, em 2003, a filha morreu depois de ter caído da cama, a 31 de janeiro de 2002.
O homem garantiu ter transportado a criança até ao hospital horas mais tarde, onde viria a ser declarada morta, quando percebeu que não estava a respirar.
De imediato, os médicos suspeitaram de maus-tratos devido aos hematomas na cabeça, ao inchaço no cérebro e à hemorragia atrás dos olhos que a criança apresentava.
A autópsia viria a determinar que a filha de Robertson morreu de traumatismo craniano e a morte foi considerada, de imediato, homicídio.
Os advogados do condenado argumentaram que tinham sido receitados medicamentos à bebé, que, hoje em dia, já não são receitados a crianças, devido às complicações graves que podem causar.
Na altura, a defesa disse que a queda e a medicação desadequada estiveram na origem do óbito.
A síndrome do bebé sacudido é diagnosticada quando hemorragias na retina e no cérebro, bem como inchaço cerebral são diagnosticados em crianças.