O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, ameaçou "castigar" Israel pela morte do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, vítima de um ataque durante a madrugada desta quarta-feira em Teerão. Maria João Tomás destaca o facto deste ataque ter acontecido na capital iraniana e alerta: "Agora, nesta altura de tensão, qualquer rastilho faz uma escalada regional e não sei até que ponto é que não será uma 'proxy war', uma guerra de procuração entre as grandes potências".
"Temos neste momento uma tensão enorme depois do ataque de sábado, que não foi reivindicado pelo Hezbollah, diga-se com todas as letras, e o Hezbollah faz sempre isso. Portanto, não foi reivindicado. Há outros grupos terroristas à volta que terão interesse no escalar do conflito para um conflito regional. Portanto, houve esse ataque nos Montes Golã, a seguir Israel ontem respondeu com um ataque em Beirute cirúrgico a um membro do Hezbollah que, pelos vistos, morreu (...) Qualquer coisa nesta altura pode servir para justificar um ataque do Hezbollah ou um ataque do Irão", explica a comentadora da SIC.
Maria João Tomás diz que as negociações que estavam em curso entre Israel e o Hamas "vão todas por água abaixo" e insiste que a diplomacia internacional poderá ter um papel fundamental, mas realça: "É preciso pôr alguns paninhos quentes nesta altura para ver se isto realmente não escala".
A provar a ameaça de um conflito regional está a reação já anunciada do líder supremo iraniano.
"Com este ato criminoso e terrorista, o regime sionista [Israel] preparou o terreno para um duro castigo e consideramos que é nosso dever vingar o assassinato em território da República Islâmica do Irão", declarou Khamenei em comunicado citado pela agência de notícias IRNA.
Na opinião da comentador da SIC, a morte de Ismail Haniyeh devia ter acontecido há mais tempo. Porquê?
"Essa era uma das formas de acabar com o Hamas, era matar os seus líderes. É claro que isto não vai terminar com o Hamas, vai haver um outro líder que o vai substituir, mas vai enfraquecer muito o Hamas. Se tivessem feito isto há mais tempo, provavelmente a guerra em Gaza teria sido ou resolvida mais cedo, provavelmente porque tinha enfraquecido o Hamas e o Hamas poderia ter cedido de alguma forma", esclarece.