Médio Oriente

Morte de Ismail Haniyeh: "Principal líder político do Hamas nos últimos 20 anos"

Ricardo Alexandre analisa o impacto do desaparecimento de Ismail Haniyeh, líder do Hamas morto num ataque atribuído a Israel, em Teerão, onde se encontrava em visita oficial.

SIC Notícias

Vários países já reagiram à morte do principal líder do Hamas. A Rússia fala num ato político inaceitável que vai contribuir para o escalar da guerra no Médio Oriente. A Turquia, o Qatar e os Houthis do Iémen também condenaram o ataque, o que para Ricardo Alexandre não surpreende e é revelador do impacto da morte de Ismail Haniyeh. "Principalmente do lado da Turquia, quando diz que este ataque é a prova de que Israel não está interessado em alcançar a paz", sublinha o jornalista da TSF e comentador da SIC.

Ricardo Alexandre explica a relevância para o Hamas de Ismail Haniyeh, morto na madrugada de quarta-feira num ataque atribuído a Israel, em Teerão, onde se encontrava em visita oficial.

"Principal líder político do Hamas nos últimos 20 anos, chegou a ser primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana quando o Hamas ganhou as eleições na Faixa de Gaza. Depois estávamos no auge da luta fraticida entre a Fatah e o Hamas, acabou por ser demitido por Mahmoud Abbas, não reconheceu essa demissão e o Hamas continuou a governar a Faixa de Gaza".

Para Israel, este ato constitui uma grande vitória, como adianta o comentador da SIC.

"Ser morto na capital iraniana, depois de ter ido à tomada de posse do novo Presidente do Irão é algo bastante relevante. Para Israel é uma vitória política militar em toda a linha, porque Israel tinha determinado um dos objetivos, após o 7 de outubro, que era eliminar a liderança do Hamas e conseguiu eliminar o líder político do Hamas".

No entender de Ricardo Alexandre, a ação israelita compromete toda e qualquer negociação entre Israel e o Hamas.

"Negociações mediadas pelos países árabes e pelos Estados Unidos, têm acontecido no Qatar, no Egito, mas quando estamos num período de negociações a tentar um cessar-fogo prolongado a tentar uma libertação de reféns e se mata o líder político do outro lado também revela que o empenhamento nessas negociações basicamente é zero".

Futuro do Hamas

O comentador da SIC adianta que a morte de Ismail Haniyeh vai naturalmente abalar o Hamas, mas que este tipo de organizações "conseguem sempre encontrar sucessores, substitutos, acabam sempre por se reconfigurar".

"Estamos a falar de alguém que é importante há mais de 20 anos, alguém que vem das lutas da primeira Intifada, já tinha estado preso em prisões israelitas no final dos anos 80 do século passado. É alguém que está ligado ao Hamas desde os tempos da universidade, quando fez a sua licenciatura em literatura árabe (...) Certamente vai provocar um abalo na organização, até que ponto se vai refletir nas dinâmicas operacionais no terreno, em Gaza, isso tenho mais dúvidas", considera Ricardo Alexandre.

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