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O ataque ao hospital pediátrico em Kiev: “Aqui não há militares, não há armas. Estão simplesmente a ter-nos como alvo”

Pelo menos dois médicos morreram e várias crianças ficaram feridas na sequência do ataque russo. Militares, socorristas e civis trabalham para limpar os escombros.

Iryna Shev

Um hospital pediátrico em Kiev foi atacado esta segunda-feira. Pelo menos duas pessoas morreram. As vítimas mortais identificadas eram médicos. Várias crianças ficaram feridas.

Parte do hospital ruiu depois do ataque. Militares apareceram para ajudar a limpar os escombros, mas novos mísseis atingiram a capital pouco depois do primeiro ataque.

As crianças hospitalizadas foram transferidas para outras unidades de saúde. Havia centenas de crianças no hospital na altura do ataque.

Choque e incompreensão foram as primeiras reações ao ataque desta manhã. Mas, logo a seguir, foi tempo de arregaçar as mangas e começar a trabalhar.

Oksana, enfermeira, diz estar “viva e inteira, graças a Deus”. “Agora estou com os meus colegas a ajudar, com todas as minhas forças, os polícias e os serviços de emergência a retirar os escombros. Mas isto é muito assustador”, relata.

“Isto é apenas um hospital pediátrico, aqui não há militares, aqui não há armas. Eles estão simplesmente a ter-nos como alvo”, descreve.

O ataque deu-se por volta das 10h30, na hora local. Pouco depois de ter soado a sirene. Os civis foram os primeiros a reagir, mas o exército não demorou a aparecer. Uma chegada que coincidiu com um novo alerta de perigo e mais um bombardeamento à cidade.

Um outro estabelecimento médico em Kiev foi atingido. A maior preocupação continuava a ser retirar as crianças para outros hospitais.

Ao colo da mãe, Lisa é a primeira criança a ser retirada. A menina, doente oncológica, seguiu para um outro estabelecimento, depois de cinco horas de espera.

Este era o hospital que recebia as crianças com as doenças mais graves. Roman, de sete anos, era um deles. Tinha de fazer um procedimento relativamente simples, a troca de um penso, mas estava muito assustado.

"Comecei a ouvir gritos na enfermaria, caíram escombros para cima de uma criança e da avó - em cima da avó, caiu um armário. O médico e eu começámos a retirá-los. Retirámos e levámo-las para serem tratadas. Foi simplesmente horrível”, descreve Kateryna, enfermeira.

Depois do choro e da raiva, arregaçam as mangas. Dizem que só vão sair quando forem mandados embora. Estão a tentar minimizar os estragos causados pelo ataque das forças russas, tal como centenas de outras pessoas que vieram para o hospital pediátrico para fazer o mesmo.

Do lado de fora, sente-se um forte cheiro a fumo e, com o sol a queimar, militares, socorristas e civis trabalham como uma grande equipa. Incansáveis, tentam sarar mais uma ferida na capital ucraniana.

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