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Governo de Javier Milei transforma agência noticiosa pública em agência de publicidade

A Télam vai transferir para meios públicos ou para terceiros os serviços jornalísticos e de agência noticiosa, os funcionários, os ativos móveis e fixos, as marcas, os registos, as patentes e todo e qualquer bem imaterial, bem como todos os que estejam afetados a serviços jornalísticos e de agência noticiosa.

Ricardo Ceppi

Lusa

O governo do presidente argentino, Javier Milei, decidiu, na segunda-feira, transformar a agência noticiosa oficial Télam em uma agência de publicidade, na dependência da chefia do governo.

Através de um decreto publicado no Boletim Oficial, a Télam é transformada em uma "Agência de Publicidade do Estado Sociedade Anónima Unipessoal" (Apesau), que tem por objeto operar como agência de publicidade e propaganda, o que significa, elaborar, produzir, comercializar e distribuir material publicitário nacional e internacional, tanto na Argentina como no estrangeiro.

A Télam "deixará de operar, como tem feito desde a criação, em serviços jornalísticos e como agência de imprensa", lê-se no boletim oficial. A partir de agora, a agência fundada em 1945 "vai centrar as atividades na nova orientação estratégica da empresa, que consiste em operar como agência de publicidade e propaganda".

A nova Agência de Publicidade do Estado (Agencia de Publicidad del Estado - APE) vai ser responsável pelo "desenvolvimento, produção, comercialização e distribuição de material publicitário nacional e/ou internacional", de acordo com o texto.

"Continuamos a nossa luta para defender os empregos e o papel social dos meios de comunicação públicos, que este Governo pretende destruir", reagiram, num comunicado de imprensa, o sindicato da imprensa de Buenos Aires (SiPreBA, na sigla espanhola) e um grupo de funcionários da Télam.

O poder executivo vai exercer, através do vice-chefe do Gabinete de Ministros, os direitos societários que correspondam ao Estado pela sua participação no capital da nova agência de publicidade.

A Télam vai transferir para meios públicos ou para terceiros os serviços jornalísticos e de agência noticiosa, os funcionários, os ativos móveis e fixos, as marcas, os registos, as patentes e todo e qualquer bem imaterial, bem como todos os que estejam afetados a serviços jornalísticos e de agência noticiosa.

Mais de 300 funcionários já aceitaram a saída voluntária

No início de março, o governo ultraliberal deJavier Milei suspendeu as atividades da Télam e bloqueou o acesso aos edifícios da agência pública em Buenos Aires. Milei alegou que a agência tem sido "usada nas últimas décadas como uma agência de propaganda kirchnerista", em referência à ex-presidente peronista (centro-esquerda) Cristina Kirchner e incentivou as saídas voluntárias, que já foram aceites por 340 dos 770 empregados.

Os que não aceitaram a proposta de saída voluntária, estão há 118 dias acampados à porta da sede da que até hoje era a agência noticiosa estatal argentina.

Fundada em 1945 pelo antigo presidente Juan Domingo Perón, então secretário do Trabalho e Previdência Social, a Télam distribuía diariamente cerca de 500 notícias nacionais, 200 fotografias e ainda conteúdo de vídeo e rádio.

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